sábado, janeiro 31

Ainda não acabei o que me propus ler hoje… talvez mais uma hora de leitura. Mas decidi fazer um intervalo para esquecer o que li até agora e ter espaço para o que falta! :-) Hoje quero terminar a visita à época antiga. Passei agora pela humanitas romana, com coisas como «Sou homem; nada daquilo que é humano penso poder ser-me estranho» (Terenzio). Falta ver o capítulo referente a Quintiliano, e dois pequenos sobre o cristianismo para acabar esta primeira parte.

Entretanto, à tarde, saí para ir à celebração que há, todas as sextas-feiras, na igreja de São Lourenço, a igreja dedicado à juventude, pertinho do Vaticano, na preparação das próximas jornadas mundiais na Alemanha. Hoje foi em rito bizantino-ucraniano… Foi a primeira vez que participai na missa com um rito ortodoxo… é diferente, muito, do nosso. Tudo é cantado, com muito incenso, muitas bênçãos, muitas inclinações, e passa-se o tempo quase todo a cantar, como resposta a tudo, «Senhor, piedade!». Mas é sempre bom saber que, apesar das diferenças, celebramos o mesmo mistério, numa mesma fé…

E apesar de todo este correr de culturas, épocas e lugares, o meu «mundo», agora, parece-me cada vez mais reduzido…

sexta-feira, janeiro 30

Já só faltam 5! O exame de Comunicação está feito, e parece-me que razoavelmente bem… Já comecei a ler qualquer coisa para o último exame que vou fazer, de História da Pedagogia e da Educação, mas as páginas daquela sebenta são um bocado impenetráveis: percorrer a história da educação do Ocidente, a partir de Homero, com a Ilíada e a Odisseia… e passar pelos principais autores destes vinte e cinco séculos e saber o que cada um deles pensou e escreveu sobre educação… Hoje não consegui sair da Grécia antiga, e ainda me vai dar muito que fazer…

quinta-feira, janeiro 29

A propósito da morada e número de telefone… não se preocupem, se incomoda entretanto já os tiro… é só para que saibam que tenho por cá um número fixo, directo, para o caso de querem dizer alguma coisa sem ser por mail ou mensagens de telemóvel, e sem se preocuparem com o pagamento do roaming… e a morada é para poderem mandar cartas, postais ou presentes… a propósito faço 5 anos de padre a 25 de Abril! Estão à vontade! Também posso deixar o número do NIB, se quiserem! Ah, e um obrigado a quantos vão deixando os seus comentários!

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Estou todo confuso! Já não me apetece pegar mais na matéria, estou farto daquilo… mas tenho a estranha sensação de confusão na minha cabeça… Pode ser que passe e que amanhã, no exame, até saiba alguma coisa… Mas agora não dá para mais!

quarta-feira, janeiro 28

Lá fiz o exame de Catequética Fundamental e, pelo que me pareceu, apesar do meu italiano, a coisa correu bastante bem… Quinta-feira tenho o de Introdução às Ciências da Comunicação Social. Entre outras coisas, também tenho por cá a questão das linguagens do corpo… Foi aí que encontrei o texto que vou deixar à consideração de quem o quiser ler. Deixo-o porque, em algumas conversas paralelas, algumas pessoas do sexo feminino me foram revelando que das primeiras coisas que apreciam nos homens são as suas mãos. Nunca percebi bem porquê… mas talvez este texto ajude a clarificar…

A mão, que roça toca explora apalpa agarra e plasma a matéria, é o órgão privilegiado do tacto: na mão, o tacto pode ser presa e conquista, conhecimento e linguagem, agressividade e ternura, toque e comunhão. Por isso, apenas a mão exprime adequadamente o tacto, pois só ela o exercita com plenitude intensiva e extensiva e assim lhe revela a verdadeira vocação ou destino na vida do homem.
Na sua actividade exploratória, a mão atinge todos os pontos da superfície do corpo e, tocando-o, contribui para a formação do sentimento do próprio corpo. Por outro lado, pela sua mobilidade e flexibilidade, a mão consente ao homem descobrir a existência e a forma das coisas com que choca ou que toca: pela mão, o homem projecta-se no mundo circundante e quase dilata e confirma nele a posse do próprio corpo.
Segundo um modo antigo de entender, a mão exprime a inteligência do homem e a sua superioridade sobre os outros seres vivos que não têm mãos. Aristóteles considera a mão como o instrumento dos instrumentos, não no sentido que o homem a use como um instrumento, mas no sentido que ela permite ao homem de forjar e utilizar qualquer instrumento.
A estrutura da mão representa quase em miniatura, a do corpo, enquanto apresenta duas faces, dorsal e palmar. A parte dorsal é composta prevalentemente de ossos e tendões movidos pelos músculos do antebraço; por isso, o lado superior da mão, mais rígido e frio, representa e exprime a agressividade do homem e aqueles sentimentos e intenções que o impelem a mover-se a alongar as mãos, para conseguir aquilo que pode satisfazer as suas necessidades e defender-se daquilo que põe em perigo a sua vida. A parte palmar formada sobretudo por músculos próprios, e riquíssima de terminais sensitivos, é côncava, quente e suave; enquanto tal parece predisposta a exprimir sentimentos e propostas de acolhimento e ternura.
Agressividade e ternura são os pólos extremos dos muitos usos que o homem pode fazer da sua mão, no contacto com a realidade circundante; e o homem, nas suas actividades manuais, pode privilegiar um destes pólos, ou evitar os extremismos. No primeiro caso apresenta um novo dualismo, da agressão ou da regressão; no segundo caso, no entanto, não desdobra as faces da mão e procura, portanto, tomar com a disponibilidade de receber, e de receber com a disponibilidade de colaborar na doação, temperando a agressividade com a ternura, e temperando a ternura com o empenho e determinação.
(Sante Babolin)

Não sei se ajudei alguma coisa…

segunda-feira, janeiro 26

Ainda é cedo, mas hoje estou com sono… não sei o que me deu, mas passei todo o santo dia meio ensonado… Por isso resolvi dar uma escapadinha ao estudo para o exame de amanhã, e vir escrever qualquer coisa a ver se desperto para a revisão final da matéria. Normalmente faço uma primeira leitura geral a toda a matéria, sublinhando o mais importante. Depois faço uma segunda leitura, mais centrada no sublinhado. Finalmente uma vista geral, passando pelos títulos, tentando perceber se já sei o que significam e parando onde me parece que as coisas ainda não estão bem sabidas… O engraçado é que, quando chego a esta fase, tenho a sensação que ainda não sei nada de jeito… Mas pronto, agora falta a fase final, para acabar o dia… mais uma hora, hora e meia e vou dormir, que amanhã é dia de levantar cedo!

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Acabo de saber da morte do Fehér. Paragem cardíaca, aos 24 anos de idade. Fui até lá abaixo, ver os canais informativos portugueses que não falavam de outra coisa… Um momento trágico, vivido em campo. Um estádio em silêncio perante a morte. A dor dos colegas de equipa. E a preocupação, agora, de saber se foi feito todo o possível, se havia todos os equipamentos médicos, de encontrar alguma razão… E sempre a mesma revolta perante uma realidade que nos ultrapassa… Porquê? Nestas alturas lembro-me muito da música dos Trovante: «… só Deus tem os que mais ama…»... e mais que buscar lógicas, saber que a vida que tenho, neste momento, é a única de que posso dispor, e disso, do que posso fazer com ela agora, por mais insignificante que seja, depende tudo...

domingo, janeiro 25

Não há dúvida! É estrutural! Isto quando se chaga ao fim de semana deixa de haver vontade de estudar! Acabei por aceitar o convite (ou imposição… Júlio, escusas de dizer que não, tu obrigaste-me!!!) para ir jogar futebol. Resultado: além de perder, passou-se a tarde, e ainda fiquei com um dedo meio torcido de uma bola à qual não consegui escapar… isto de ser guarda-redes não é fácil, e nem sempre se consegue fugir a todos os remates!

Dada a pouca vontade hoje vou dormir mais cedo (sim, ainda são só 2h da manhã!), e amanhã levantar para celebrar cedinho e aproveitar algum tempo para estudar…

sábado, janeiro 24

A neve, afinal, foi uma «fraude»! Não chegou a branquear nada… quando fui para ir tirar uma foto, percebi que, mal caia, desaparecia, e deixava apenas tudo molhado… Mas mesmo assim foi giro almoçar a ver cair a neve em Roma!

Depois passei a tarde e a noite com as 300 páginas de um meu professor sobre um projecto pastoral em vista de «uma efectiva reciprocidade entre homens e mulheres na sociedade e na igreja» (por falar nisso… fazem-me falta por cá as minhas amigas, que isto aqui é só homens…). Acabei de ler o livro às 4h, mas acabei! Prefiro estudar de noite, e prolongar a manhã na cama: rende-me mais o estudo… A Luísa (a empregada que estava connosco lá em Leiria) chamava-me «nocturno» (além de outros nomes que é melhor não revelar…), mas eu acho que sou mesmo «noctívago», sempre o fui… gosto da noite! E a de hoje está estrelada, o que quer dizer que, apesar do frio, não deve nevar…

sexta-feira, janeiro 23

Aqui, agora, está a nevar... Começou devagarinho, quase a medo, uns pontinhos brancos a cair do céu. Agora já promete braquear a cidade...

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Está muito frio! Pelo que me disseram, foi o dia mais frio deste Inverno, aqui em Roma. Não sei… hoje nem ouvi as notícias daqui. Senti o frio só de passagem: refugiei-me no meu quarto. Depois da noite de ontem, agora não há tempo a perder. E rendeu. É tarde, mas consegui alcançar o objectivo que me tinha proposto. Há um certo gosto de vitória por cada livro estudado, mesmo que agora os vá considerando muito mais aliados que inimigos. E se amanhã estiver menos frio, o meu quarto será, na mesma, o meu refúgio…

quinta-feira, janeiro 22

Ora, aqui fica o convite, para quem gosta destas coisas dos blog's, para visitar este «espaço onde o pastor depõe a vontade e paciência de converter meio mundo... e serra os dentes a todos aqueles que da coerência religiosa se resumem a não praticantes, nem eles sabendo de quê...». Chama-se «A outra face».

Pelo que percebi, é feito por um padre que encontra aqui um espaço alternativo para dizer o que pensa e que, por vezes, não convém dizer do ambão...

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Acabaram-se as aulas! Hoje, para comemorar, e para descomprimir, fui jantar fora! Amanhã começa o tempo só de preparação para os exames. Foi uma noite agradável, descontraída, entre amigos: o Júlio, o Paulo Malícia e o Caldas. Foi bom passar este fim de dia sem pensar em matérias para estudar!

quarta-feira, janeiro 21

Hoje o meu vizinho aqui da frente, o padre Júlio (açoriano, bom rapaz, que gosta de comentar o que aqui escrevo, e que está por cá a fazer doutoramento na área da moral… ninguém suspeitaria disto, mas é verdade…) disse-me para eu escrever aqui que estava a ficar louco… Penso que ainda não… pelo menos totalmente. Mas que esta «clausura» me tortura até à medula dos ossos é bem verdade!

terça-feira, janeiro 20

Hoje marquei definitivamente os meus exames… Foi um processo difícil, com vários passos, tipicamente italiano… Primeiro preencher, por cada exame requerido, um impresso em duplicado. Depois esperar que cada professor desse as datas possíveis para fazer cada exame. Depois ir à secretaria buscar os duplicados para saber se estava ou não admitido a cada um deles. Depois ir no dia e hora marcada, segundo a ordem alfabética do cognome, dizer a data que escolhia para cada um deles, tendo em conta a disponibilidade efectiva (número de alunos) por exame! Isto foi hoje! A menos de uma semana de os começar…

Como aqui o cognome que conta é aquele que nunca uso (não tenho nada contra a minha mãe, pelo contrário, mas quantas pessoas saberão que me chamo Domingues?), fui dos primeiros e fiquei com o horário que tinha previsto. Menos mal!

27/01 – Catequética Fundamental
29/01 – Introdução às Ciências da Comunicação Social
02/02 – Teologia Prática Geral
04/02 – Pastoral e Catequética Cristológica
06/02 – Hermenêutica da Experiência Religiosa
11/02 – Teologia das Religiões
13/02 – História da Educação e da Pedagogia

Quer dizer, penso que está assim! É que o rapaz que estava a passar os dados para o computador estava a mandar ao mesmo tempo mensagens pelo telemóvel…

segunda-feira, janeiro 19

Felizmente, hoje esteve um dia triste lá fora. Digo «felizmente» porque assim pareceu-me mais «natural» não sair de casa. Há domingos assim…

domingo, janeiro 18

E assim se passam os dias por cá agora: enfiado dentro do quarto, a ler e a fazer trabalhos. Hoje consegui acabar o que estava a fazer de Hermenêutica. Amanhã é começar logo cedo com uma nova matéria…

Hoje, por exemplo, encontrei isto:

A linguagem é a casa do homem, mas esta casa dilata sempre o seu horizonte… A investigação na área da linguagem leva-nos a uma primeira e fundamental afirmação: a realidade fala porque o homem a faz falar. Ele dá-se conta e com isso não só interpreta um mundo em que está imerso, mas decifra a sua própria situação, interpreta-se a si mesmo: o homem «sabe».

O problema é quando não sabe… aí nem decifra o mundo, nem se interpreta a si mesmo… e fica meio perdido... ou todo! Eu, por mim, penso que me vou encontrando, ou sabendo, aos poucos, e umas vezes mais que outras… No meio disto tudo, como dizia a parábola de ontem, que ao menos não se perca o sentido do caminho...

sábado, janeiro 17

Continuo com a hermenêutica... Pelo meio encontrei esta parábola que aqui deixo.

Dois homens caminham juntos por uma estrada. Um deles está convencido que ela conduz à cidade celeste, o outro que não conduz a lado nenhum; mas dado que não há outra estrada, eles viajam juntos. Nenhum deles percorreu aquela estrada antes: por isso nenhum sabe dizer o que vão encontrar a cada esquina. Durante a viagem têm momentos fáceis e agradáveis, e também momentos difíceis e perigosos. Durante todo o tempo um deles pensa a viagem como uma peregrinação à cidade celeste. Interpreta os momentos agradáveis como encorajamento e os obstáculos como provas ao seu propósito e lições de perseverança, preparadas pelo rei daquela cidade e destinadas a fazer dele um habitante digno do lugar onde irá chegar. O outro, por sua vez, não acredita em nada disto, e considera a viagem como uma marcha inevitável e sem objectivo. A partir do momento em que não tem outra escolha, ele goza o bom e suporta o mal. Para ele não existe nenhuma cidade celeste a alcançar, nem uma finalidade que dê sentido à sua viagem: existe apenas a estrada e a sorte da estrada no bom e no mau tempo. (Antiseri)

sexta-feira, janeiro 16

A insatisfação persistente que atravessa a vida do homem impõe-se à reflexão como uma chave privilegiada de acesso ao dinamismo da existência. A inquietude marca, de facto, a existência, e por isso verifica-a.

É, agora ando de volta da hermenêutica da experiência religiosa… Ou seja, partindo da experiência comum (como a tal «insatisfação persistente»), numa reflexão mais profunda da mesma (a tal «hermenêutica»), a pessoa pode aceder a uma dimensão de transcendência. É esta experiência religiosa que pode ser alvo de uma educação religiosa… Educar a partir da experiência da pessoa, do repensar a própria vida enquanto portadora, na sua própria experiência, do facto religioso, mesmo quando não plenamente conhecido… Como ajudar a descobrir aquilo que se «esconde» na vida comum… E como ajudar a dar sentido religioso a isso mesmo!

Se alguém conseguiu perceber isto que aqui escrevi é muito bom para mim! É sinal que já percebi alguma coisa da cadeira... :-)

quinta-feira, janeiro 15

Zé Henrique diz:
vou fazer-te um pedido
A diz:
diz...
Zé Henrique diz:
posso usar algumas das coisas que escreveste para publicar no blog hoje? mantendo o anonimato
A diz:
sim podes
Zé Henrique diz:
obrigado

E foi mais ou menos assim que acabou a nossa conversa... Como me deixaram publicar, aqui vai. O texto não é meu. Apenas emendei as gralhas próprias de uma conversa pelo messenger, tirei o que estava pelo meio para ficar corrido, assim como as minhas poucas intervenções. Mantenho o texto integral, apesar de algo longo... está coloquial, como saiu naquele momento... De alguém muito jovem perante a sua doença:

Uma doença altera-nos por completo o dia-a-dia, desestrutura-o. Mas é também uma ocasião privilegiada para um passo em frente no sentido do crescimento. E o melhor que temos a fazer, é aproveitar para dar um novo rumo à nossa vida...
Todas as pessoas que me rodeiam olham a doença como algo de negativo sem outro significado que não seja o de nos trazer dor e mal-estar e que, portanto, há que combater e destruir o mais rápido possível, qualquer que seja o custo. Costumamos encará-la como o inimigo a abater, o nosso corpo como campo onde essa batalha se desenrola. E a única coisa a que atendemos é em reparar essa parte afectada...
Mas, sabes, penso que frequentemente nos limitamos a cumprir as ordens dos médicos, acreditando que, desde que sejam competentes, os tratamentos e os remédios que nos indicarem vão forçosamente curar-nos...
Mas percebi que o mais importante era recolher-me dentro de mim procurando a eventual causa de tudo o que me estava a acontecer e, a partir dai, ser eu o meu próprio tratamento, o meu remédio... Com as minhas forças, com a minha fé...
Isto tem sido um fardo pesado contra o qual também me revoltei, e muitas vezes disse a Deus não é justo...
Mas Deus mais uma vez me falou e me fez olhar para a doença num ângulo diferente e fez-me perguntar: E se esta doença tiver algo a me dizer?
Obrigou-me a olhar para mim mesma e para os outros com uma perspectiva totalmente diferente, uma doença pode ser uma sacudidela, às vezes brutal, que nos faz tomar consciência de como tudo nesta vida é efémero. E de como, face a isso, aquilo que nos acontece passa a ter um calor relativo. Ao dizer-nos "é só por um tempo que tens esse corpo" leva-nos a valoriza-lo a cuidar dele, a aproveitar o que nos proporciona, mas mostrando-nos como não vale a pena ficarmos presos a nada disso.
É sempre através do reconhecimento e da aceitação de como somos pequenos, limitados, indefesos, que nos podemos abrir a algo maior do que nos, passando a vislumbra-lo
Pude perceber que por muito que me custe, se aceitar esse facto de ser limitada, a doença deixa de me limitar, na medida em que me transporta para um nível mais elevado da minha consciência...
Ao atravessar a fronteira entre a saúde a doença penetrei no domínio de algo que faz parte do que sou, e se encontra para lá do físico...
O que me transtorna mais é ter de lidar com uma dor física, o que faz com que, muitas vezes, uma série de dores emocionais venham ao de cima.
Por isso tenho momentos em que me sinto mais perdida, mais angustiada, e que falo em solidão, que penso estar a sentir coisas que já não sinto...
Os últimos tempos não foram fáceis e tudo mexeu de uma forma muita intensa comigo, com a minha forma de estar na vida
Tudo isto obrigou-me a sentir o limite: a doença tornou-se numa sombra, uma ameaça que me foi destabilizando e eu fui resistindo à mudança, como se ela não fizesse parte integrante da vida
A nossa história é uma sucessão de situações ou uma série de factos que tem um sentido nem sempre imediatamente evidente mas que, muitas vezes, podemos descobrir à medida que o tempo passa
A resposta só dentro de mim a posso encontrar
Sabes Zé, compreender o que estava a acontecer comigo, foi encontrar o significado para tudo, permitiu-me enfrentá-la a partir de uma atitude interior que me leva a reagir de uma formas muito mais eficaz.
E aquilo que verdadeiramente me tem curado é a transformação de algo na minha vida...
Por limitado que seja o controle que tenha sobre as coisas, percebi que posso sempre escolher o modo como reajo ao que me vai acontecendo...
Tenho feito descobertas mágicas, sinto que tenho crescido e quero continuar a crescer...

quarta-feira, janeiro 14

Hoje passei o dia de volta da Cristologia… estudar a sebenta para completar o trabalho que estou a fazer de análise ao catecismo. É uma cadeira interessante esta. Revisita a Cristologia na perspectiva da pastoral juvenil e catequética. Ou seja, quem é, de verdade, este Jesus Cristo? para não estar a anunciar a pessoa errada... Como é que ele é visto/pensado na actualidade? O que afasta ou aproxima na sua pessoa, ou no que se foi «acrescentado» a ela? O que será de «recuperar» da sua vida para que possa exercer aquele fascínio que o fez e faz ser seguido por tantos discípulos?

Deixo um desafio, para quem possa ler estas linhas, e me queira ajudar a situar-me ainda mais na realidade: o que me dizem sobre o assunto?

terça-feira, janeiro 13

As distâncias tornam-se mesmo muito curtas com estas coisas das novas tecnologias! Às vezes até nos aproximam mais do que quando estamos perto. Passei duas semanas em Portugal quase sem saber notícias de lá: não lia os jornais, raramente via televisão, ocasionalmente escutava a rádio, nas viagens de carro… Agora, longe, é raro o dia que não vejo os jornais on-line, dou sempre um saltinho até à televisão portuguesa que recebemos por satélite, e estou quase sempre a ouvir a rfm, pela net, enquanto estudo… Até deu para ver, ontem, o jogo do União de Leiria contra o Benfica! Por sinal (e eu não sou grande adepto do futebol) um grande jogo! Viva o Leiria! :-)

Hoje não tenho muito para contar. Continuo de volta das leituras e dos trabalhos. O tempo está cada vez mais curto, e os professores conseguem dar numa aula tanta matéria como davam antes numa semana ou duas! Segundo o que dizem, depois podemos ler calmamente as coisas em casa… Calmamente não será, mas acaba por ter que ser tudo estudado. A ver vamos onde isto vai dar…

segunda-feira, janeiro 12

Hoje passei o dia a analisar um catecismo para um trabalho que estou a fazer, o catecismo do 7º ano. Passei a maior parte do tempo com a primeira parte, que fala de muitas coisas, mas sempre com a vida como pano de fundo. E surgem aquelas perguntas típicas das idades a que se destina: Quem sou eu? Porquê e para quê a vida? Como me percebo neste corpo? Como lidar com os meus sentidos? Provavelmente perguntas que começam a ser postas nesta altura da vida e que nunca deixamos de fazer, ou que vamos respondendo aos poucos, mais ou menos maturamente, encontrando melhor respostas para umas do que para outras…

Este catecismo vai apresentando (naturalmente…) a pessoa de Jesus Cristo como uma grelha de leitura e de resposta para a vida e as questões que a cercam. Com uma lógica mais ou menos simples: se Jesus Cristo verdadeiro Deus se fez verdadeiro Homem, e viveu esta sua humanidade na perfeição, então, olhando para esta humanidade de Jesus, nós podemos recuperar em nós a nossa semelhança com Deus e encontrar nele aquele que viveu a sua vida na plenitude e a resposta para as nossas grandes interrogações. Para ser mais simples, o Concílio Vaticano II diz isto assim:

Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do Seu amor, revela o homem a si mesmo… O mistério do homem só no mistério do Verbo se esclarece verdadeiramente… Imagem de Deus invisível, Ele é o homem perfeito que restitui aos filhos de Adão semelhança divina… Já que n’Ele a natureza humana foi assumida. (Gaudium et Spes, n.º 22)

O tempo do Natal terminou hoje, com a celebração do Baptismo de Jesus. Foi este o tempo de voltar a reafirmar esta realidade de um Deus que se faz verdadeiro Homem para nos levar para Deus… Mas, se calhar, lá continuo eu a fazer as mesmas perguntas de sempre fechado em mim e sem encontrar a resposta onde ela está… no plenamente Deus… plenamente Homem…

domingo, janeiro 11

Há amigos especiais! Quem conhece o Leonel, e é amigo dele, pode talvez compreender quando digo que tenho a sorte de também ser amigo dele. Ele fez 30 anos, tantos como eu (é verdade, pode não parecer, mas ele é uns meses mais novo que eu…). Gostava de ter estado hoje um bocado com ele… estive, sem estar.

Estivemos a trabalhar em conjunto em Leiria durante uns anos, até eu vir para Roma. Ele continua por lá. Somos muito diferentes um do outro, é verdade, mas conseguimos entendermo-nos bem, partilhar o bom e o mau que fomos vivendo, as «conquistas» e as «derrotas», a fé e a dúvida... E continuamos…

10 de Janeiro é dia de lhe dizer obrigado, e parabéns!

sábado, janeiro 10

Quando se perde o hábito de escrever todos os dias é mais difícil recomeçar… Mas agora que aqui estou, gosto passar ao fim da noite pela net para ver o mail, trocar dois dedos de conversa com quem se encontra no messenger e deixar qualquer registo no blog.

O facto de voltar às rotinas desperta-me o desejo de rever os dias, quando eles acabam… senti isto quando, ontem, deixei os «meus companheiros de viagem» no aeroporto. Quando ai sozinho a caminho da universidade senti uma espécie de vazio (ou lá o que é)… aquela coisa de saber que serão mais uns meses para estar com eles. Preciso de sentir o valor de cada dia que passo por aqui...

Mas voltemos ao dia de hoje! Hoje choveu em Roma, o que faz com que o trânsito se transforme num caos! Hoje houve greve dos transportes públicos em Roma (o que acontece frequentemente por cá…) o que torna o trânsito num caos. Imagine-se o caos que foi a manhã para chegar à Universidade… e foi o meu primeiro dia (a sério) a conduzir, pela manhã, no centro, caótico, da cidade. Foi, de facto, uma experiência nova: sobrevivi sem qualquer maus-tratos! Sinto-me preparado para tudo!

Agora tenho uma prima cá em Roma! É verdade, quem tem famílias grandes é assim. A Célia Cabecinhas está por cá para fazer um curso no segundo semestre. Passei por lá para a convidar para ir até ao cinema, mas ela acabou por não aceitar: seria a primeira vez que uma Irmã que está na casa do Cardeal Saraiva ia ao cinema à noite… enfim, a minha reputação junto aos Cardeais pode cair (como não existe ainda, vai começar logo em baixo…), mas espero que aceite o próximo convite, que vou de certo fazer…

sexta-feira, janeiro 9

Foram uns dias engraçados, estes do caminho. Andorra, a neve dos Pirinéus, as correntes para o carro não fugir, as temperaturas que chegaram aos 13 graus negativos, um pouco do sul de França, o Mónaco, Florença… Aqui parámos um pouco mais. Dormimos em casa de uma Ana de Almeirim, a estudar a Florença há algum tempo, amiga da Sara, uma italiana que esteve com a Lena em Granada… É engraçado este sistema de encontro e de solidariedade entre esta gente nova que estuda por fora. Foi agradável de ver e de estar, de conhecer e de saborear… quero ver se consigo voltar lá ainda este ano, enquanto estuda por lá a Carina!

Depois a chegada a Roma: revisitar a cidade, descobrir novos espaços, passar pelas ruas, entrar nas igrejas, nas praças, nos restaurantes e nos bares… e também na Universidade. Começaram de nova as aulas que duram mais umas duas semanas: depois os exames e acaba o primeiro semestre.

Hoje pela manhã fui levar os meus companheiros de viagem até ao aeroporto. Lá voltamos todos aos nossos esquemas habituais… até à Páscoa!

quinta-feira, janeiro 1

Começou o novo ano. Sem mais considerações sobre o tempo e os tempos, isto significa muito simplesmente que está na hora de regressar… Amanhã, dia 2, é dia de partir. Vou fazer a viagem de carro, com a minha irmã e o namorado dela e com o Abílio. Vamos calmamente, fazendo um pouco de turismo. Devemos chegar a Roma no dia 6.

Dia 7 recomeçam as aulas: aproximam-se tempos difíceis! Depois de umas férias como estas não sei como vai ser a minha reaproximação aos livros… mas tudo se há-de fazer!

Por aqui, e para terminar, em início de ano, apenas o desejo de viver as oportunidades que ele me for dando o melhor que souber… E que a vida de cada dia possa ser vida… Fiz outros propósitos, é verdade, mas ficam cá para mim… Para quem possa ler estas linhas também o desejo de um bom ano de 2004.