quarta-feira, junho 29


Castelo de Leiria, da praça Rodrigues Lobo Posted by Hello

Isto de estar de férias gera hábitos de vida diferentes... e nem sempre dá para escrever alguma coisa por aqui... Mas pronto, ao ver esta foto, sei que compreendem que me deixe encantar pela noite na cidade de Leiria...

segunda-feira, junho 27

É verdade, já estou por terras lusas! Cheguei sábado a casa, e ainda não deu para ver quase ninguém além da família. E hoje pensei começar as férias de maneira diferente: depois de uma manhã bem dormida, tirei a tarde para ir até Coimbra, à ordenação do Orlando! Acabei por ficar por lá o resto da noite, para poder ir ver a Mariana (a minha sobrinha que escreve histórias…) que ainda não a tinha visto, e estar um bocadito em casa do meu irmão.

Foi na Sé Nova, em Coimbra que ouvi e pensei um pouco no Evangelho deste Domingo:

Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim, não é digno de Mim. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não é digno de Mim. Quem encontrar a sua vida há-de perdê-la; e quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la. Quem vos recebe, a Mim recebe; e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou. Quem recebe um profeta por ele ser profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo por ele ser justo, receberá a recompensa de justo. E se alguém der de beber, nem que seja um copo de água fresca, a um destes pequeninos, por ele ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa”.


Mt 10,37-42



O que reflecti… Seguir Jesus é algo que implica a vida na sua totalidade: é o amor a Ele que unifica a vida e dá sentido a todo o outro amor… Em tudo o que somos, em tudo o que temos, em todo o que fazemos, em tudo e todos os que amamos, amar (ou seguir, ou «tomar a cruz» como…) Jesus: assim se «encontra» a Vida, que nos dará uma nova forma de ser e de estar, uma nova visão que não nos deixará sentir «perdidos» nesta vida, mas seguros de que amamos «pai, mãe, filho ou filha» com um sentido mais pleno: é neles que encontramos esse Jesus que se faz próximo…

sexta-feira, junho 24

Férias! Custou mas foi… Acabei de fazer o último exame do semestre. Para o ano há mais. Para agora avizinham-se 3 mesitos diferentes… É pouco tempo, mas pronto, já vai saber bem!

quinta-feira, junho 23

Estou aqui a puxar pela cabeça para tentar perceber como orientar a apresentação da tese amanhã… Tenho 10 minutos para falar: é pouco para uma coisa muito elaborada, que siga toda a estrutura do trabalho… é muito para ficar apenas em generalidades… Já estive a reler tudo (e, claro, a descobrir mais gralhas…) mas ainda não me deu aquela «iluminação» de que estou a precisar para preparar o último exame que falta para acabar esta maratona… Mas algo vai ter que sair entretanto, melhor ou pior, que preciso de começar a pensar em fazer as malas também!

terça-feira, junho 21

Passo os dias com a sensação de estar a colar… enfim, não é propriamente o melhor tempo para estar por Roma. Se alguém estiver interessado em visitar a «cidade eterna» é melhor em tempos mais frescos!

Mas tudo se faz, e já falta pouco. 2 exames. Amanhã é a Metodologia catequética de adolescentes e jovens, com o processo hermenêutico: da vida à vida; da vivência à experiência; da experiência ao presságio que se faz relação, onde se integram sinais e testemunhos capazes de revelar como pode ser significativo um percurso à fonte de nós próprios para perceber a novidade que podemos ser e viver, em Deus…

Mas como, quer para este exame quer para o próximo, já tenho escritas algumas páginas, penso que vai ser relativamente simples: é apresentar o que está feito e falar do assunto (espero!). Por isso, acho que vou descontrair um bocadito e beber uma cervejita para refrescar… Até porque se se quer ser significativo para os jovens de hoje é preciso conhecer os seus ambientes vitais…

domingo, junho 19

Dia de visita! A Guida e o Rui Pedro passaram hoje por cá, só mesmo de passagem… Pouco tempo, que se esgotou depressa. Mesmo assim ainda consegui ir com eles visitar São Pedro (e visitar pela primeira vez o túmulo de João Paulo II). Ora cá estão eles guardados pelos anjos de São Pedro…


guardados pelos anjos

E claro, como não dava tempo para mais visitas ficámos depois pelo sempre oportuno gelado romano…


de volta de um gelado romano

Ninguém diria que pouco depois iria apanhar uma «senhora de uma molha»… Mas acontece! Veio de repente, sem avisar, e bastaram uns passos para ficar encharcadinho…

Mas pronto, como hoje é Domingo, deixo aqui um outro pensamento… Um apelo à confiança. É verdade que a linguagem nos faz pensar na nossa responsabilidade perante a vida e as opções que tomamos. Mas dá sobretudo essa certeza de que até as mais pequenas coisas de nós (até os cabelos da cabeça…) são importantes para Deus…

Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos:
“Não tenhais medo dos homens, pois nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nada há oculto que não venha a conhecer-se. O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do dia; e o que escutais ao ouvido proclamai-o sobre os telhados. Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Temei antes Aquele que pode lançar na geena a alma e o corpo. Não se vendem dois passarinhos por uma moeda? E nem um deles cairá por terra sem consentimento do vosso Pai. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Portanto, não temais: valeis muito mais do que os passarinhos. A todo aquele que se tiver declarado por Mim diante dos homens também Eu Me declararei por ele diante do meu Pai que está nos Céus. Mas àquele que me negar diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos Céus”.

Mt 10,26-33

sábado, junho 18

Ando de volta da Catequese de adultos, para o exame de Segunda. Entre muitas coisas interessantes que encontrei (é uma daquelas cadeiras importantes e interessantes, e que mais me tem dado que pensar…) deixo aqui uma, algo secundária, e mesmo muito duvidosa (que isto de classificar pessoas em estádios é tudo menos matemático, e quanto aos estádios em si também têm pouco de matemático…), mas que pode ajudar a pensar o nosso «estádio pessoal»…

A teoria é de Fritz Oser que, como método de investigação, usava os dilemas, nomeadamente o «dilema de Paul»:

Paul, um jovem médico com um futuro brilhante diante de si, parte para umas férias no fim dos estudos. Quando o avião tem uma avaria e começa a cair, Paul reza e faz a promessa de, a partir desse momento, pôr a sua vida ao serviço dos mais pobres em África, no caso de se salvar. Paul sobrevive, mas depois é-lhe oferecida uma situação profissional aliciante. Deve ou não aceitar? Deve partir para a África como tinha prometido? Paul fica na Europa, e alguns meses depois tem um acidente de automóvel. Trata-se de uma punição por não ter mantido a promessa? Entra aqui a vontade de Deus? Uma promessa deve ser sempre mantida? Recorda-se de situações semelhantes na sua vida? Como teria respondido às mesmas perguntas há alguns anos?

Da análise das respostas, Oser elabora uma proposta de leitura dos «estádios da fé» que Emílio Alberich resume assim:

Estádio 0: perspectiva da «dicotomia interno-externo» (até aos 2/3 anos) e Estádio 1: «deus-ex-machina» (entre 2/3-6/8 anos)

A criança pequena não tem ainda um «Último» (atitude pré-religiosa). Mais tarde sente-se dependente de um «Último» que intervém de forma pontual e imediata no mundo para punir ou ajudar os homens, como o deus-ex-machina das tragédias gregas. O Último é «sujeito absoluto»: o homem é objecto e executor.

Estádio 2: «do ut des» (entre 6/8-11/13 anos, às vezes até à idade adulta)

Neste momento, a criança pode não apenas reagir ao Último, mas agir sobre ele, com meios que permitem obter a sua benevolência e serviços ou fugir à sua punição. Neste estádio mantém-se com o Último uma relação de reciprocidade («dou para que dês»). O agir humano assume uma nova importância frente a este «sujeito (ainda sempre) absoluto».

Estádio 3:
«deísmo» (depois dos 11/13 anos, às vezes até à idade adulta)

Algumas experiências negativas (desilusões) com o Último fazem muitas vezes o homem voltar-se para si mesmo: ele percebe que agiu e viveu «bem» e, no entanto, é vítima da desgraça. A ideia que é o próprio homem o responsável pela sua vida orienta o seu parecer, e nesta espécie de «teoria dos dois Reinos» procura estabelecer um equilíbrio entre «aquilo que é de Deus e aquilo que é do homem». A pessoa tem então a possibilidade de «delimitar o seu território»: o Último agora não intervém directamente no mundo (deísmo). Neste estádio nega-se, por vezes, a existência deste Último (agnosticismo ou ateísmo) em nome da autonomia.

Estádio 4:
«a priori» e «correlação»

Um novo passo é muitas vezes interpretado como uma regressão, pois dá-se de novo uma ligação com o Último. A responsabilidade e a liberdade (permanece-se livre) orientam sempre o parecer, mas com a experiência que qualquer coisa é confiada ao homem. O Último é considerado como o fundamento transcendente que cria «a priori» as condições das relações humanas, da liberdade e da sociabilidade. Admite-se muitas vezes a existência de um «plano», no sentido que o homem se envolve através de uma lei interna para qualquer coisa de mais perfeito (um «Ómega»). Deus e o mundo não são mais pensados como duas esferas separadas: existe correlação (o profano é entendido como uma parábola do divino).

Estádio 5:
«intersubjectividade» absoluta

Neste ponto, o Último é considerado como «liberdade absoluta» que quer ter necessidade dos homens. Manifesta-se sobretudo na inter-subjectividade e na não contingência. Agora o homem não tem mais necessidade do «plano»: ele procura a solidariedade universal numa liberdade absoluta no confronto com o outro. Ele não é apenas livre frente ao Último (estádio 3) e graças ao Último (enquanto condição do agir humano: estádio 4), mas é «livre para» o Último. Uma dinâmica interactiva (o homem age livremente para Deus e Deus para o homem) orienta agora a vida na qual o Último está presente. E se o homem participa de maneira responsável e activa numa comunidade, faz uma experiência transcendente. As normas e a lei interna (plano) são superadas e integradas na dinâmica desta interacção.

sexta-feira, junho 17

Para dizer a verdade, o problema é que estou com uma falta de inspiração daquelas mesmo muito grandes… E para não estar outra vez a falar de exames (sim, já só faltam 3!) resolvi muito simplesmente fazer um «copia e cola» de um texto que me enviaram (obrigado Jessica!), que já deve ser conhecido de muitos, mas que não deixa de ter a sua piada.

Quanto ao autor… desconheço. E quanto ao fundamento científico para meter estas palavras na boca de Sócrates, também… Mas não deixa de ser interessante de ter em conta para quando se ouvem «estórias» de «fonte segura» ou nem por isso…

Na Grécia Antiga, Sócrates detinha uma alta reputação e era muito estimado pelo seu elevado conhecimento. Um dia, um conhecido do grande filósofo aproximou-se dele e disse:
"Sócrates, sabes o que eu acabei de ouvir acerca de um amigo teu?"
"Espera um minuto", respondeu Sócrates, "Antes que me digas alguma coisa, gostaria e te fazer um teste. Chama-se o «Teste do Filtro Triplo»."
"Filtro Triplo?"
"Sim", continuou Sócrates, "Antes que me fales do meu amigo talvez fosse uma boa ideia parar um momento e filtrar aquilo que vais dizer. Por isso é que eu lhe chamei o Filtro Triplo." E continuou: "O primeiro filtro é VERDADE. Tens a certeza absoluta de que aquilo que me vais dizer é perfeitamente verdadeiro?"
"Não,", disse o homem "o que acontece é que eu ouvi dizer que..."
"Então," diz Sócrates,"não sabes se é verdade. Passemos ao segundo filtro, que é BONDADE. O que me vais dizer sobre o meu amigo é bom?"
"Não, muito pelo contrário..."
"Então,", continuou Sócrates, "queres dizer-me algo mau sobre ele e ainda por cima nem sabes se é ou não verdadeiro. Mas, bem, pode ser que ainda passes o terceiro filtro. O último filtro é UTILIDADE. O que me vais dizer sobre o meu amigo será útil para mim?"
"Não, acho que não..."
"Bem," concluiu Sócrates, “se o que me dirás não é nem bom, nem útil e muito menos sabes se é verdadeiro, para quê dizeres-me?”

terça-feira, junho 14

Aos poucos, o número vai diminuindo… Com o exame de hoje, ficam a faltar apenas 4. Ainda deu para falar do Santo António e tudo, que o professor é indiano, e diz que junto à cidade onde vive há uma igreja dedicada ao santo português que reúne todas as quartas uma multidão de fiéis de todas as religiões que fazem fila para entrar e pedir as bênçãos daquele que, também por lá, ao que parece, vai ajudando a resolver tudo quanto tem a ver com o encontrar, de alguma coisa ou de alguém…

Por isso, para além de todo o resto, há também esta dimensão de diálogo inter-religioso que o nosso Santo António vai continuando a inspirar…

segunda-feira, junho 13

Um exercício engraçado para fazer com o evangelho deste Domingo: passá-lo para o presente e, quanto possível, para a primeira pessoa… Qualquer coisa do tipo: «Hoje, Jesus, ao olhar para a humanidade… É este o meu nome…»


ícone dos doze apóstolos

Naquele tempo, Jesus, ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor.
Jesus disse então aos seus discípulos: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara».
Depois chamou a Si os seus doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos impuros e de curar todas as doenças e enfermidades. São estes os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi quem O entregou.
Jesus enviou estes Doze, dando-lhes as seguintes instruções: «Não sigais o caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Ide primeiramente às ovelhas perdidas da casa de Israel. Pelo caminho, proclamai que está perto o reino dos Céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça».

(Mt 9,36-10,8)

sábado, junho 11

Como o 10 de Junho aqui não é feriado (claro…) e nem apareceu uma fada boa, Sexta foi um dia complicado… Enfim, nem sempre as coisas correm bem. Saí um bocado frustrado do exame, depois de tanto tempo a estudar aquilo… Mas pronto, conta o que estudei, e quanto ao resto, nada como esperar pelo resultado. De qualquer maneira, 2 já lá vão, e já só faltam 5.

Mas dadas as circunstâncias, acabei por ir comemorar o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades com um jantar fora daqui para espairecer um pouco das ideias.

Hoje, voltar ao normal, desta vez com uma sebenta algo intragável de Pastoral vocacional… Ficou dada uma primeira vista de olhos, porque antes ainda tenho um outro exame, e vou ter que rever a matéria amanhã…

Com tudo isto, aqui fica, a propósito ou despropósito um daqueles poemas de Camões que fazem parte de nós... para recordar:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís de Camões

Boas notícias: faltam precisamente 2 semanas!


sexta-feira, junho 10

OS COELHINHOS

Era uma vez um coelho que era muito rabugento.
Vieram os outros coelhinhos e disseram ao ouvido uns dos outros que ele só queria brincar sozinho. Os amigos tentaram tirar o feitiço da bruxa-má. De repente pareceu uma fada que lhes disse:
- Eu vou tratar disso!
- Já sei, vamos ver o que ela vai fazer.
Eles viram uma luz amarela a sair da varinha mágica.
O coelhinho ficou muito simpático!
Nunca mais o coelhinho quis brincar sozinho.
Os amigos ficaram muito felizes com a fada, porque ela mudou o comportamento dele.
E assim a turma da floresta dos coelhinhos ficou tão contente que esse dia ficou feriado.




Mariana


No meio de tantas teorias (Freud, Adler, Jung, Godin, Vergote, James, Fromm, Allport, Maslow, Frankl, Assagioli, Wilber, Walsh, Vaughan…) ainda bem que me apareceu aqui uma história simples da minha sobrinha Mariana, que acabou de fazer 7 anos: «fui eu que escrevi sozinha».

Pena é não haver por aqui uma fada boa com uma varinha de conhecimento instantâneo…

quinta-feira, junho 9

Voltando à Psicologia da religião, e a Frankl, mais um pequeno texto, desta vez sobre os valores, num resumo de E. Fizzotti, o meu professor (que nem imagina os nomes que já lhe chamei dada a vastidão da matéria...):

Fenomenologicamente, o sentido da própria existência pode realizar-se em três categorias de valores. Frankl descreve-as como “valores de criação”, “valores de experiência” e “valores de atitude”. Segundo os primeiros, o homem pode encontrar o sentido da sua existência cumprindo com conhecimento, portanto com responsabilidade, as tarefas concretas que se lhe apresentam na profissão ou na família. Com os valores de experiência o homem é chamado a um acolhimento consciente do mundo, como acontece na dedicação à beleza da natureza ou da arte.
Mas a atenção principal é reservada aos valores de atitude. De facto, se o homem é privado da possibilidade de realizar valores criativos ou de viver novas experiências, resta-lhe sempre a possibilidade de assumir uma atitude no confronto do próprio destino, mesmo se imutável. Até ao último momento da existência resta-lhe, de facto, o dever de realizar os valores. «Nenhuma situação da vida é realmente privada de significado. Isto significa que os mesmos elementos que aparentemente parecem assinalados pela negatividade, como é o caso da trágica tríade da existência humana, formada pelo sofrimento, a culpa e a morte, possam ser sempre transformados numa conquista, num autêntico rendimento, desde que se assumam no seu confronto uma atitude e um posicionamento justos» (Frankl).

Para quem, como Frankl, viveu num campo de concentração, assumir esta atitude perante a questão do sofrimento, da culpa e da morte, as palavras não são apenas palavras, mas ganham o peso de uma vida… Aliás, foi aí, perante o maior espectáculo de sofrimento e de desumanidade, que ele «aprendeu» toda a «espessura» do significado da liberdade humana, da responsabilidade que essa liberdade lhe traz, da convicção de um permanente sentido para a vida: uma «fé incondicional num sentido incondicionado» da vida.

Foi dessa experiência que surgiu ainda mais forte a consciência da existência como uma tarefa única e original, individualizada e realizada com plena responsabilidade, através de uma tríplice atitude:

1. Acolher e viver a dialéctica entre ser e dever-ser, entre o quotidiano e o mundo dos valores, entre realização concreta e as inumeráveis potencialidades;

2. Ser fundamentalmente orientado para fora de si mesmo (auto-transcendência), e superar a fácil tentação de procurar apenas o imediato do prazer, ou o ilusório do sucesso;

3. Ter uma justa distância das situações de limite e das dificuldades em que se venha a encontrar (auto-distanciamento), apoiando-se na força de resistência do espírito.

Um facto curioso. Quando Frankl (hebreu de intensa vida espiritual) foi recebido pelo Papa Paulo VI, quando estava a sair, o Papa voltou a chamá-lo e disse-lhe: «Por favor, por favor, reze por mim!»

terça-feira, junho 7

O primeiro já está! Já só faltam seis exames! Cheguei foi com pouca vontade de estudar para o de Sexta… Mas pronto, amanhã já é a sério outra vez.

E também já está confirmada a viagem: Sábado 25 de Junho, com chegada a Lisboa a meio da tarde. Desta vez vou na Alitalia. A ver se chego a ir, que isto de confiar nos italianos…

Nada como ter a perspectiva das férias para animar estes tempos!

domingo, junho 5



Caravaggio, Vocação de São Mateus
1599-1600, Capela Contarelli, São Luís dos Franceses, Roma

Este é um dos quadros mais expressivos de Caravaggio, que gosto sempre de voltar a ver. Está na igreja de São Luís dos Franceses, no centro de Roma.

Jesus que passa e diz simplesmente «Segue-me». Uma palavra que transforma uma vida… Ou não fosse Ele a Palavra que re-cria a vida, cada vez que é acolhida…

Naquele tempo, Jesus ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança dos impostos, e disse-lhe: «Segue-Me».
Ele levantou-se e seguiu Jesus.
Um dia em que Jesus estava à mesa em casa de Mateus, muitos publicanos e pecadores vieram sentar-se com Ele e os seus discípulos. Vendo isto, os fariseus diziam aos discípulos: «Por que motivo é que o vosso Mestre come com os publicanos e os pecadores?».
Jesus ouviu-os e respondeu: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide aprender o que significa: ‘Prefiro a misericórdia ao sacrifício’. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores».


(Mt 9,9-13)

sábado, junho 4

Deixei as leituras antecipadas e comecei decididamente a fazer as preparações próximas… Depois de uma semana, aí estão os exames à porta. Por isso, hoje já me estive a dedicar à História do catecumenato e catequese antiga e medieval, que será na Segunda logo pela manhã.

Estive a rever toda a parte do catecumenato antigo. Apesar de estar disponível on-line uma Enciclopédia Católica, onde se podem clarificar muitos conceitos (a que recomendo uma visita), brevemente pode dizer-se que o catecumenato antigo (como surge na Traditio Apostolica, de Hipólito de Roma – séc. III) consistia num tempo de aprofundamento da fé que era oferecido aos adultos que pediam o baptismo.

Depois de um exame, em que o padrinho testemunhava acerca da motivação, do estado de vida e profissão do candidato que se tinha convertido ao cristianismo, eram admitidos como “catecúmenos”.

Seguiam-se 3 anos de catequeses, nas quais se dava tempo para irem crescendo no conhecimento e adesão ao Deus de Jesus Cristo. No final deste tempo tinham um segundo exame, outra vez na presença do padrinho, onde se verificava se este tempo de caminhada na fé tinha tido efeitos na vida moral do catecúmeno.

Passado o exame, eram considerados “escolhidos”. E como tal podiam começar um segundo tipo de catequese: a escuta do Evangelho. Viviam depois um período intenso, na semana que antecedia a Páscoa, com jejuns e orações, em que eram acompanhados de jejuns e orações de toda a comunidade cristã.

Finalmente, na Vigília Pascal, eram admitidos aos sacramentos da iniciação cristã: Baptismo, Confirmação, Eucaristia. E agora, como “cristãos”, faziam plenamente parte da Igreja.

Depois… bem, depois a história foi evoluindo… e transformou tudo… até desaparecer completamente o catecumenato, que se foi assumindo como um "catecumenato social"... Actualmente, depois do Concílio Vaticano II, sem voltar ao esquema tal como é descrito, está-se lentamente a recuperar o catecumenato como espaço de aprofundamento da fé para os jovens e adultos que se convertem e querem ser baptizados, assim como de jovens e adultos já baptizados que querem fazer um caminho de maturação de uma fé algo adormentada.

sexta-feira, junho 3

Il 2 giugno 1946, a seguito dei risultati del "Referendum Istituzionale" indetto per scegliere fra Monarchia e Repubblica, l'Italia diveniva una Repubblica. La data diveniva, come "Festa Nazionale", uno dei simboli del nuovo stato.

Mesmo para quem não sabe muito de italiano, dá para perceber que aqui, hoje, dia 2, foi feriado. Consequências práticas, apenas começar a ouvir foguetes esta noite, dar uma espreitadela, e perguntar: «afinal o que é que se passa?»... A resposta já a sabem...

quinta-feira, junho 2

O horizonte último da investigação religiosa não é a afirmação da transcendência. É antes o encontro, o diálogo, a comunicação com a transcendência que tem nome e rosto.

Zelindo Trenti


Um texto pequenino para não assustar ninguém! Da Psicologia mudei-me para a Metodologia catequética: adolescentes e jovens. O professor é este Trenti que escreve de uma maneira muito interessante e profunda, mas nem sempre fácil de acompanhar. O horizonte é o da hermenêutica: partir da vida para levar à vida. Centralidade da pessoa e da experiência que ela realiza. Perceber a vivência como uma experiência onde se esconde e se descobre um sinal que fala de uma presença que é vocação e leva à in-vocação… Amanhã continua!

quarta-feira, junho 1



Quando o olho tem catarata a pessoa vê um cinza gritante na forma de uma nuvem. No caso do glaucoma há uma luz verde na forma de um halo. Em cada caso a visão do olho é bloqueada por aquilo que está acontecendo no seu interior. O olho não é feito para ver a ele mesmo. Isto é para a patologia. O mesmo pode ser dito de alguém que sofre de neurose.
Ele está obcecado com o que está nele, preocupado que ele possa ser um egotista, ou um sexista, ou só Deus sabe o que mais. Infelizmente esta condição de hiper-reflexão é apenas exacerbada por terapias analíticas que tentam explicar tudo em termos de "compensação". Por exemplo, aqueles que praticam o reducionismo dizem para um cliente que afirma o seu desejo de realizar algo significativo que "Não, esse não é o seu verdadeiro motivo. Você está simplesmente tentando superar um sentimento de inferioridade que você tem desde nascença". Um freudiano escreveu uma vez que a filosofia, a religião, e a esquizofrenia não são nada mais que o medo da castração. Isto é absurdo. Eu concordo que Freud estava certo em revelar os motivos impuros mas há também motivos puros. Há mais coisas para uma motivação humana saudável do que o princípio do prazer, do que a luta pela superioridade. Estas são apenas formas de existência degeneradas, neuróticas. Porém, no ser humano saudável, há um desejo por sentido e é isto que separa o homem dos animais. Alguém nunca ouviria um animal se perguntar, "Minha vida tem sentido?". Mas esta pergunta é feita pelo Homo Sapiens.
Ser um ser humano é trabalhar por algo além de si mesmo. Eu uso o termo "auto-transcendência" para descrever esta qualidade subjacente ao desejo por sentido, a compreensão de algo ou de alguém além de si mesmo. Como o olho, nós somos feitos para nos direccionar ao exterior, para outro ser humano a quem nós podemos amar e nos entregar. Apenas dessa maneira o homo sapiens demonstra a si mesmo ser verdadeiramente humano. Apenas quando em serviço a outro uma pessoa conhece realmente a sua humanidade.

Viktor Emil Frankl




É verdade que se nota que é uma tradução brasileira, mas não encontrei nenhum site com textos de Frankl (1905-1997) em português de Portugal. E como este foi um dos autores mais interessantes que encontrei ao longo destes dias com a Psicologia da religião, pensei deixar aqui uma pequena «amostra» do pensamento do fundador da logoterapia. Depois de uma vida atribulada, com direito a passagem pelos campos de concentração nazis, continua a acreditar e a lutar pela busca do sentido para a vida, e fazer disso o sentido da sua própria vida: «Encontrei o significado da minha vida, ajudando os outros a encontrarem o sentido de suas vidas».

Partindo na liberdade fundamental do homem, da convicção que ele é guiado por uma vontade de sentido (e não de prazer – como para Freud – ou de poder – como para Adler), e de que a vida do homem conserva sempre um seu sentido, apesar de todas as limitações, aposta na responsabilidade de cada um que é convidado a auto-transcender-se para encontrar esse sentido fora de si: «no fundo, só partindo de um valor absoluto, de uma pessoa absoluta, de Deus, as coisas ganham valor»… «No fundo do nosso ser está uma nostalgia que se pode referir apenas a Deus…»