quinta-feira, março 17

E pronto, está quase! Acabei agora de fazer um trabalho para apresentar na primeira semana de aulas. Deixei umas leituras por fazer, que queria ter adiantado, mas vai ficar mesmo para depois da Páscoa. Agora é ir às aulas amanhã, fazer a mala à tarde, e passar duas semanas sem pensar em cadeiras e trabalhos e aulas e teses e estudos e leituras…

Depois do jantar o Fernando, o padre argentino cá da casa, perguntou se não queria ir fazer uma passeata pela cidade. Para ajudar a fazer a digestão! Pouco mais de uma hora e passámos por São Pedro, Castelo de Sant’Ângelo, praça Navona, e depois a do Panteão e ainda comemos um gelado por aqueles lados. Uma das coisas boas desta cidade, os gelados! E as praças e ruas à noite também têm o seu encanto neste tempo que começa a cheirar a primavera.

Foi como que um «até um dia destes» à cidade. Se tudo correr como previsto, estarei de volta a Roma no Domingo, dia 3 de Abril. Agora é chegar a Leiria amanhã à noite para partir para Taizè no Sábado e passar lá a Semana Santa. Segunda-feira de Páscoa penso estar de volta a Leiria e passar por lá o resto da semana. Desta vez pensei ocupar a maioria das noites num ambiente mais caseiro, e dedicar-me a visitar os meus afilhados para eles não pensarem que o padrinho não lhes liga nenhum… Por isso, com este quadro geral, já se vê que este espaço vai estar comigo de férias!

Por isso, aproveito já para desejar uma boa Páscoa a quantos me vão visitando por aqui. E que este restinho de Quaresma, e sobretudo este tempo especial do Triduo Pascal, e o grande culminar da noite de todas as noites, na Vigília Pascal, seja um tempo de reencontro connosco próprios, com os outros e com Deus (como dizia no princípio desta Quaresma…), capaz de dar Vida, porque no Ressuscitado!

Até breve!

terça-feira, março 15

Ao chegar ao fim do esquema que preparei (custou mas foi!) fico com a sensação que está demasiado grande para ser a tese de “baccalaureato” (equivalente à nossa licenciatura) e que poderá muito bem servir para ser a de “licenza” (equivalente ao nosso mestrado). Mas pronto, agora já tenho um esquema pronto para poder começar a falar mais a sério com o orientador. Agora é entregar e muito possivelmente só o vou começar a reelaborar depois das férias da Páscoa. Depois se vê o que ele me diz, e eu também vou ter mais tempo para maturar a questão. Mas é sempre boa a sensação de ter alguma coisa que se veja!

Já posso começar a estar mais descansado para as férias! Faltam três dias! Na sexta à noite já espero poder beber uma cervejinha portuguesa em Leiria!

segunda-feira, março 14

Apesar de hoje ter sido o dia da Peregrinação Diocesana a Fátima, o meu dia teve pouco de movimentação. Pelo menos física! Mas foi um dia «produtivo», mesmo que não tenha feito tudo o que tinha pensado. A verdade é que já está avançada a primeira versão do esquema geral para a primeira tese… Grande trabalheira para introduzir a bibliografia! Queria deixar pronto um documento para entregar ao professor antes das férias. Por isso vou ter que voltar a atacar amanhã, que para hoje já chega!

Hoje deixo mais uma vez um texto longo, o do evangelho deste 5º Domingo da Quaresma. Como todos os textos que nos acompanham ao longo deste tempo, este, que conta a ressurreição de Lázaro, é um texto que diz muito para além da narração de um acontecimento… Sem entrar em pormenores, deixo apenas duas pequenas notas: a primeira é da impressão que deixam as lágrimas de Jesus. Aquele que pouco antes se declara a ressurreição e a vida, é o mesmo que se deixa «tocar» pela situação de dor dos seus amigos e amigas… Deus que assume a dor da humanidade, que a partilha… Mas que faz triunfar a vida… É essa a vontade dele!

Depois uma segunda nota para as «ordens» que Jesus dá. Aqueles que o seguem devem tirar a pedra, desligar e deixar ir Lázaro… No fundo, são convidados a deixar que a vida possa ter lugar, arrancando o que a está a impedir…


Naquele tempo, estava doente certo homem, Lázaro de Betânia, aldeia de Marta e de Maria, sua irmã. Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com perfume e Lhe tinha enxugado os pés com os cabelos. Era seu irmão Lázaro que estava doente. As irmãs mandaram então dizer a Jesus: «Senhor, o teu amigo está doente».
Ouvindo isto, Jesus disse: «Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para que por ela seja glorificado o Filho do homem».
Jesus era amigo de Marta, de sua irmã e de Lázaro. Entretanto, depois de ouvir dizer que ele estava doente, ficou ainda dois dias no local onde Se encontrava.
Depois disse aos discípulos: «Vamos de novo para a Judeia».
Os discípulos disseram-Lhe: «Mestre, ainda há pouco os judeus procuravam apedrejar-Te e voltas para lá?»
Jesus respondeu: «Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas se andar de noite, tropeça, porque não tem luz consigo». Dito isto, acrescentou: «O nosso amigo Lázaro dorme, mas Eu vou despertá-lo».
Disseram então os discípulos: «Senhor, se dorme, está salvo». Jesus referia-se à morte de Lázaro, mas eles entenderam que falava do sono natural.
Disse-lhes então Jesus abertamente: «Lázaro morreu; por vossa causa, alegro-Me de não ter estado lá, para que acrediteis. Mas, vamos ter com ele».
Tomé, chamado Dídimo, disse aos companheiros: «Vamos nós também, para morrermos com Ele».

Ao chegar, Jesus encontrou o amigo sepultado havia quatro dias. Betânia distava de Jerusalém cerca de três quilómetros. Muitos judeus tinham ido visitar Marta e Maria, para lhes apresentar condolências pela morte do irmão. Quando ouviu dizer que Jesus estava a chegar, Marta saiu ao seu encontro, enquanto Maria ficou sentada em casa.
Marta disse a Jesus: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá».
Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará».
Marta respondeu: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição, no último dia».
Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; E todo aquele que vive e acredita em Mim, nunca morrerá. Acreditas nisto?»
Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo».
Dito isto, retirou-se e foi chamar Maria, a quem disse em segredo: «O Mestre está ali e manda-te chamar».
Logo que ouviu isto, Maria levantou-se e foi ter com Jesus. Jesus ainda não tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar em que Marta viera ao seu encontro. Então os judeus que estavam com Maria em casa para lhe apresentar condolências, ao verem-na levantar-se e sair rapidamente, seguiram-na, pensando que se dirigia ao túmulo para chorar.
Quando chegou aonde estava Jesus, Maria, logo que O viu, caiu-Lhe aos pés e disse-Lhe: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido».
Jesus, ao vê-la chorar, e vendo chorar também os judeus que vinham com ela, comoveu-Se profundamente e perturbou-Se. Depois perguntou: «Onde o pusestes?»
Responderam-Lhe: «Vem ver, Senhor».
E Jesus chorou.
Diziam então os judeus: «Vede como era seu amigo». Mas alguns deles observaram: «Então Ele, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito que este homem não morresse?»

Entretanto, Jesus, intimamente comovido, chegou ao túmulo. Era uma gruta, com uma pedra posta à entrada.
Disse Jesus: «Tirai a pedra».
Respondeu Marta, irmã do morto: «Já cheira mal, Senhor, pois morreu há quatro dias».
Disse Jesus: «Eu não te disse que, se acreditasses, verias a glória de Deus?»
Tiraram então a pedra.
Jesus, levantando os olhos ao Céu, disse: «Pai, dou-Te graças por Me teres ouvido. Eu bem sei que sempre Me ouves, mas falei assim por causa da multidão que nos cerca, para acreditarem que Tu Me enviaste».
Dito isto, bradou com voz forte: «Lázaro, sai para fora».
O morto saiu, de mãos e pés enfaixados com ligaduras e o rosto envolvido num sudário.
Disse-lhes Jesus: «Desligai-o e deixai-o ir».
Então muitos judeus, que tinham ido visitar Maria, ao verem o que Jesus fizera, acreditaram n’Ele.

(Jo 11,1-45)

domingo, março 13

Sexta à tarde saí e fui até Santa Maria em Traspontina, uma igreja paroquial que fica perto de São Pedro, na Via da Conciliação. Hoje saí da cidade e fui até Santa Maria do Silêncio, uma comunidade de irmãs contemplativas. Para estar na Lectio Divina, num e noutro lugar. Não só por ser Quaresma, e querer aproveitar estas oportunidades para aprofundar a Palavra de Deus, mas também porque queria conhecer estas diferentes realidades de Lectio.

A primeira, aqui no centro da cidade, enche uma igreja que é bastante grande durante cerca de hora e meia para aprofundar um texto bíblico segundo um método que passa por uma primeira fase de leitura exegética do texto (as circunstâncias em que o texto foi escrito, as ligações a outros textos, a história que o envolve…), um procurar perceber a mensagem que esse texto transmitia para o momento concreto em que foi escrito, o procurar actualizar, tirar as consequências actuais do mesmo, uma partilha daquilo que cada um foi pensando sobre o mesmo, para levar a uma consequência prática para a vida. Sempre num clima de acolhimento da Palavra, com um ambiente de oração que passou por alguns cânticos, entre os quais um em português («Em nome do Pai, em nome do Filho…»). A orientar a reflexão esteve o frei Carlos Mesters, um conhecido biblista brasileiro que tem vários livros escritos, entre os quais alguns sobre esta questão da Lectio Divina. O texto escolhido foi o de Ezequiel 37, 7-14 (o Espírito de Deus que dá vida a um campo de ossos ressequidos…).

Hoje foi mais prolongado. São cerca de duas horas e meia. Quem orienta os encontros são as irmãs. Todos os sábados, com base no texto do evangelho do Domingo seguinte. É um grupo muito mais restrito. Para além da comunidade que serão umas 10 irmãs, estávamos 7 pessoas de fora, entre os quais uns noivos que vão casar entretanto e que quiseram fazer um dia de retiro antes do casamento. Aqui a Lectio começa por um breve momento de oração na pequena capela, onde são proclamadas as leituras de Domingo. É como que uma apresentação geral. Depois passa-se para a biblioteca da casa. Lá, uma irmã, muito, mas mesmo muito bem preparada, ajuda a fazer uma leitura do texto bíblico passo a passo. É impressionante o à-vontade com que ela trata a Bíblia e os comentários dos Padres da Igreja sobre aquela passagem… Mas sobretudo o perceber como o que está a dizer não é apenas fruto do estudo, mas de uma vivência do Evangelho… Depois deste tempo, onde a exegese, a mensagem e a partilha estão presentes, voltamos para a capela para terminar com uma celebração onde o texto do Evangelho volta a estar no centro. E depois há a atenção aos pequenos pormenores, o envolver dos sentidos, e o fazerem-nos sentir em casa mesmo se é a primeira vez que nos vemos.

Duas experiências ou realidades diferentes, para um mesmo objectivo de provocar um encontro com a Palavra de Deus. Para além de todo o resto, fica também esta forma concreta de poder «provocar» este encontro para escutar Deus que nos fala pela Palavra…

quinta-feira, março 10

Como já passa da meia-noite, hoje já é quinta. O que quer dizer que, se tudo correr como previsto, de hoje a uma semana vou dar um saltinho até Portugal... Além de voltar a estar com as pessoas, estou ansioso por ver as novidades destes meses: imagino que Leiria já deve ter o centro transitável, com os parques feitos e obras acabadas; a agora vila de Monte Redondo já deve estar toda esburacada para finalmente ter uma rede de esgotos... E certamente muitas outras coisas que nem ouso sonhar!

terça-feira, março 8

Porque hoje é o «Dia Internacional da Mulher», mas sobretudo porque o mundo não tinha nenhuma graça sem elas, um beijito especial a todas as que já tive a sorte de conhecer! E certamente que este dia «delas» não quer dizer que os outros sejam todos «deles»… ou será?! ;-) Fora de brincadeiras… Certamente que sabem como surgiu este dia! Para quem não sabe, aqui fica uma pequena nota que encontrei no Diário de Notícias de hoje:

No dia 8 de Março de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas.
Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.


.
.
As voltas que se dão para encontrar a referência bibliográfica certa para meter numa nota! Agora, para citar um documento da Igreja, é muito simples: vai-se ao site do Vaticano e está lá tudo, com a vantagem de estar quase sempre em português, e sempre em italiano. Ctrl+c e depois Ctrl+v e já está! O problema é depois a nota de pé de página. Nada de referência do site da Internet. Tem de ser sempre da sua publicação oficial, que uns dizem ser o Enchiridium vaticanum, outros a Acta Apostolicae Sedis, e depois, por serem documentos muito recentes, não se encontram nem num lado nem noutro… Para grandes males, grandes remédios e mete-se simplesmente a edição da Libreria Editrice Vaticana, e espera-se que passe à mesma. Mas pronto, lá acabei a revisão do trabalho e penso que está pronto para entregar amanhã e deixar já pronta a cadeira de Metodologia do trabalho científico. Se correr bem, é uma cadeira que já fica «arrumada».

domingo, março 6

Aviso prévio: vou deixar aqui um texto grande. É o do evangelho de hoje. Mas é um texto que não só é grande, mas «enorme» por tudo aquilo que diz, mesmo para além daquilo que se pode perceber numa primeira leitura… Por isso, vale bem a pena deixar-se confrontar com ele. Parece-me mesmo que o texto diz que é preciso «educar o olhar» para ver o que não se vê logo à primeira! Como que a dizer que, apesar de vermos, podemos ser cegos para o essencial… ou que só veremos mesmo quando virmos com o olhar de Deus, quando nos virmos no olhar de Deus, quando for Ele a iluminar o nosso olhar...

Deixo apenas uma pequena reflexão que fazia esta manhã, ao encontrar-me com este texto: não vale a pena querer ver tudo de uma vez, ou pensar que já está tudo visto! Mesmo, ou sobretudo, quando se trata de encontrar Jesus… Também para O «ver» é preciso «educar o olhar»… e nunca desistir de o fazer. E talvez um dia se possa «ver» do jeito de que fala o 1º livro de Samuel: «Deus não vê como o homem; o homem olha às aparências, o Senhor vê o coração».


Naquele tempo, Jesus encontrou no seu caminho um cego de nascença.
Os discípulos perguntaram-Lhe: «Mestre, quem é que pecou para ele nasceu cego? Ele ou os seus pais?»
Jesus respondeu-lhes: «Isso não tem nada que ver com os pecados dele ou dos pais; mas aconteceu assim para se manifestarem nele as obras de Deus. É preciso trabalhar, enquanto é dia, nas obras d’Aquele que Me enviou. Vai cegar a noite, em que ninguém pode trabalhar. Enquanto Eu estou no mundo, sou a luz do mundo».
Dito isto, cuspiu em terra, fez com a saliva um pouco de lodo e ungiu os olhos do cego. Depois disse-lhe: «Vai lavar-te à piscina de Siloé»; Siloé quer dizer «Enviado».
Ele foi, lavou-se e ficou a ver.
Entretanto, perguntavam os vizinhos e os que antes o viam a mendigar: «Não é este o que costumava estar sentado a pedir esmola?»
Uns diziam: «É ele». Outros afirmavam: «Não é. É parecido com ele». Mas ele próprio dizia: «Sou eu».
Perguntaram-lhe então: «Como foi que se abriram os teus olhos?»
Ele respondeu: «Esse homem, que se chama Jesus, fez um pouco de lodo, ungiu-me os olhos e disse-me: ‘Vai lavar-te à piscina de Siloé’. Eu fui, lavei-me e comecei a ver».
Perguntaram-lhe ainda: «Onde está Ele?»
O homem respondeu: «Não sei».
Levaram aos fariseus o que tinha sido cego. Era sábado esse dia em que Jesus fizeram lodo e lhe tinha aberto os olhos. Por isso, os fariseus perguntaram ao homem como tinha recuperado a vista.
Ele declarou-lhes: «Jesus pôs-me lodo nos olhos; depois fui lavar-me e agora vejo».
Diziam alguns dos fariseus: «Esse homem não vem de Deus, porque não guarda o sábado». Outros observavam: «Como pode um pecador fazer tais milagres?» E havia desacordo entre eles.
Perguntaram então novamente ao cego: «Tu que dizias d’Aquele que te deu a vista?»
O homem respondeu: «É um profeta».
Os judeus não quiseram acreditar que ele tinha sido cego e começara a ver. Chamaram então os pais dele e perguntaram-lhes: «É este o vosso filho? É verdade que nasceu cego? Como é que agora vê?»
Os pais responderam: «Sabemos que este é o nosso filho e que nasceu cego; mas não sabemos como é que ele agora vê, nem sabemos quem lhe abriu os olhos. Ele já tem idade para responder: perguntai-lho vós».
Foi por medo que eles deram esta resposta, porque os judeus tinham decidido expulsar da sinagoga quem reconhecesse que Jesus era o Messias. Por isso é que disseram: «Ele já tem idade para responder; perguntai-lho vós».
Os judeus chamaram outra vez o que tinha sido curado e disseram-lhe: «Dá glória a Deus. Nós sabemos que esse homem é pecador».
Ele respondeu: «Se é pecador, não sei. O que sei é que eu era cego e agora vejo».
Perguntaram-lhe então: «Que te fez Ele? Como te abriu os olhos?»
O homem replicou: «Já vos disse e não destes ouvidos. Porque desejais ouvi-lo novamente? Também quereis fazer-vos seus discípulos?»
Então insultaram-no e disseram-lhe: «Tu é que és seu discípulo; nós somos discípulos de Moisés; mas este, nem sabemos de onde é».
O homem respondeu-lhes: «Isto é realmente estranho: não sabeis de onde Ele é, mas a verdade é que Ele me deu a vista. Ora, nós sabemos que Deus não escuta os pecadores, mas escuta aqueles que O adoram e fazem a sua vontade. Nunca se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se Ele não viesse de Deus, nada podia fazer».
Replicaram-lhe então eles: «Tu nasceste inteiramente em pecado e pretendes ensinar-nos?» E expulsaram-no.
Jesus soube que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: «Tu acreditas no Filho do homem?»
Ele respondeu-Lhe: «Senhor, quem é Ele, para que eu acredite?»
Disse-lhe Jesus; «Já O viste: é Quem está a falar contigo».
O homem prostrou-se diante de Jesus e exclamou: «Eu creio, Senhor».
Então Jesus disse-lhe: «Eu vim para exercer um juízo: os que não vêem ficarão a ver; os que vêem ficarão cegos».
Alguns fariseus que estavam com Ele, ouvindo isto, perguntaram-Lhe: «Nós também somos cegos?»
Respondeu-lhes Jesus: «Se fôsseis cegos, não teríeis pecado. Mas como agora dizeis: ‘Não vemos’, o vosso pecado permanece».

(Jo 9,1-41)



sexta-feira, março 4



Million Dollar Baby, de Clint Eastwood, é de facto um grande filme!

quinta-feira, março 3

Acabei de ler o livro Filhos de um Deus Tirano. Impressionante! Como é possível as pessoas deixarem-se «enrolar» assim?! Não parece possível nos nossos dias!! Mas é verdade... e se o contam é porque conseguiram perceber, a dado momento, no que estavam metidas, e conseguiram arranjar forças para sair. Verdadeiros dramas. Pessoas cuja própria personalidade foi totalmente destruída por outros que abusaram deles, a todos os níveis. Um jogo pseudo-religioso que não é em senão a dimensão do interesse escondido em teorias incríveis de demónios, luzes, purificações, mestres incarnados... capazes de aprisionar a liberdade, enfraquecer a vontade, apagar a inteligência, detruir o mundo das relações existente anteriormente, esgotar contas bancárias, escravizar... As voltas que a mente humana é capaz de dar!

Sempre procurei ser muito «sóbrio», «lúcido» e «racional» na minha fé... até onde isso é possível, como relação que é. Sempre duvidei de ambientes demasiado «emotivos»... Àquela pergunta: «o que devemos seguir, o coração ou a razão?» respondo pelo meio termo… mas a puxar para a razão, sem desprezar o outro lado, é claro, que a pessoa humana não é um conjunto de coisas ou forças diversas, mas uma totalidade em si que envolve o pensar, o sentir, o querer... Mas sempre gostei daquilo que diz o São Pedro na sua primeira carta: «estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós» (1Ped 3, 15). É daquelas coisas que vou continunado a pedir a Deus: o dom da alegria na esperança, e a lucidez para a comunicar de forma significativa.

quarta-feira, março 2

Para início de semestre, digamos que está a começar em força… Com esta, são três semanas antes de começar as férias da Páscoa, mas até lá já tenho um monte de trabalhos para deixar prontos. Estes dias tenho andado com a Catequese de Adultos. Ler artigos e fazer resumos. Os contextos são os mais variados mas, sobretudo pela zona europeia, todos vão falando de uma reiniciação: adultos que já tiveram, de alguma forma, algum contacto com a fé, ou que vivem num «contexto» cristão, mas que, no fundo, do ser cristão sabem/vivem pouco; ou que procuram viver, mas sentem a necessidade de aprofundar o seu ser cristão. Mas também a insistência na ideia que a catequese com adultos é uma catequese adulta numa Igreja adulta, com tudo o que isso implica…

Entretanto comecei a ler um livro para Psicologia da religião. Para apresentar a recensão até às férias também. Filhos de um Deus Tirano, dez história de fugidos de grupos religiosos (Avverbi, Roma 2002). Dez histórias compiladas por Chiara Bini e Patrizia Santovecchi, que fazem também a introdução a este livro, onde dizem que os cerca de dois milhões e meio de membros dos cerca de mil cultos existentes em Itália não são propriamente pessoas “psicologicamente débeis”, mas “sobretudo pessoas sensíveis e idealistas que se deixam entusiasmar pelas utopias de grupos absolutistas; pessoas que procuram outro, e altos, valores, um significado de vida imortal, pessoas que se encontram com um mundo onde o sucesso parece ser a medida de tudo, sem oferecer, a seus olhos, o espaço suficiente ao sentido religioso”. Os temas da liberdade de adesão, da manipulação mental, dos abusos… são contados em primeira pessoa, em história dramáticas, que parecem já não ser possíveis nos nossos dias… mas são!

Entretanto, comecei também hoje o Seminário de catequética sobre a formação de catequistas que também vai dar bem que fazer... Para a semana já tenho de apresentar trabalho escrito. Por isso, adivinha-se um semestre em permanente pressão! Como normalmente trabalho melhor sob pressão, pode ser que corra bem…