domingo, novembro 28

o meu novo despertador

Vós sabeis em que tempo estamos:
Chegou a hora de nos levantarmos do sono,
porque a salvação está agora mais perto de nós
do que quando abraçámos a fé.
A noite vai adiantada e o dia está próximo.
Abandonemos as obras das trevas
e revistamo-nos das armas da luz.
Andemos dignamente, como em pleno dia,
evitando comezainas e excessos de bebida,
as devassidões e libertinagens, as discórdias e os ciúmes;
não vos preocupeis com a natureza carnal,
para satisfazer os seus apetites,
mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.
(Rom 13,11-14)

Foi assim que começou o dia de hoje, início de um novo ano litúgico, primeiro Domingo do Advento. Desta vez, quase coincidiu, para mim, com o início de um novo ano de vida… O trigésimo primeiro já está completo! E como o tempo que conta é dos «encontros», apesar dos «desencontros», este, posso dizê-lo, foi um bom ano.

A amizade não se agradece, eu sei: vive-se e partilha-se. Mas não posso deixar de agradecer a todos os que, apesar da distância, quiseram ir dizendo da sua proximidade. Quantos aos que estão perto, os que me «sofrem» todos os dias a caminho da Universidade quiseram dar-me este despertador… «Chegou a hora de levantar do sono»… Como vai ser o terceiro em simultâneo cada manhã, pode ser que ajude, apesar de eles estarem já pouco confiantes nisso…

quinta-feira, novembro 25


Doutor Júlio Rocha Posted by Hello

Depois de anos de «luta» com Raul Bradão, hoje o Júlio finalmente defendeu a sua tese de doutoramento: «O teatro da consciência, uma leitura teológico-moral da obra de Raul Brandão». Um amigo grande, e um grande amigo! Como diz o Paulo, tem um coração onde cabe mesmo muita gente! Parabéns! Já merecias!

terça-feira, novembro 23

É como um peso que sai de cima! Lá apresentei o meu trabalho de seminário. Assunto arrumado para uns tempos, até à altura da revisão final do texto com mais alguma coisa que eventualmente possa ir encontrando. Depois da noitada de ontem (claro que um estudante que se preze acaba as coisas sempre na noite anterior…), hoje não estou para pegar em mais nada. Depois do jantar fiquei assim, mais ou menos na preguiça… Amanhã começo outra maratona. Desta vez de pedagogia. Além de ter uma frequência para a semana, tenho um monte de trabalhos para fazer… Mas o seu a seu tempo!

segunda-feira, novembro 22

Foi um fim-de-semana caseiro, como suspeitava. Mas valeu a pena. Na terça tenho de apresentar o trabalho de seminário. Para esta apresentação normalmente só é preciso ter as ideias gerais… mas, armado em estudante, tenho o trabalho quase, quase completo. Só falta a introdução, a bibliografia e actualizar o índice… Para amanhã só fica preparar a apresentação.

Saídas, só mesmo para celebrar Cristo Rei na igreja de Santo António dos Portugueses. Pelo caminho agradeci a Deus as vacas não voarem… sim, porque os dejectos dos estorninhos já foram demais… Enfim, com tanto espaço, tinha de acertar logo em mim!

Mas o que me ocupou mais o pensamento durante o caminho, passando ao lado das lojas, foram mesmo as prendas de Natal… Ando sem ideias do que oferecer… Alguém me ajuda?

sábado, novembro 20

Fim-de-semana à porta! Adivinham-se uns dias fechados no quarto… Mas, apesar de tudo o que tenho para fazer para o princípio da semana que vem, acho que não vou deixar de aproveitar a manhã de sábado para dormir… já faz falta!

quinta-feira, novembro 18



Acho que isto me faz lembrar alguém...

quarta-feira, novembro 17

No meio de alguns textos que hoje me passaram pela frente, continuando as minhas «buscas» para o trabalho sobre a imigração, deparei-me com um texto que vale sempre a pena (re)ler: a carta a Diogneto. Um texto do século I ou II, de autor incerto. Deixo aqui apenas o capítulo V, intitulado «O mistério cristão»… Eram assim os cristãos naquela altura e, quiçá, também hoje:

Os cristãos, de facto, não se distinguem dos outros homens, nem pela sua terra, nem por língua ou costumes. Com efeito, não moram em cidades próprias, nem falam língua estranha, nem têm algum modo especial de viver. A sua doutrina não foi inventada por eles, graças ao talento e especulação de homens curiosos, nem professam, como outros, algum ensinamento humano. Pelo contrário, vivendo em cidades gregas e bárbaras, conforme a sorte de cada um, e adaptando-se aos costumes do lugar quanto à roupa, ao alimento e ao resto, testemunham um modo de vida social admirável e, sem dúvida, paradoxal.
Vivem na sua pátria, mas como forasteiros; participam de tudo como cristãos e suportam tudo como estrangeiros. Toda a pátria estrangeira é a sua pátria, e cada pátria é estrangeira.
Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos.
Põem a mesa em comum, mas não o leito; estão na carne, mas não vivem segundo a carne; moram na terra, mas têm a sua cidadania no céu; obedecem às leis estabelecidas, mas com a sua vida ultrapassam as leis; amam a todos e são perseguidos por todos; são desconhecidos e, apesar disso, condenados; são mortos e, desse modo, lhes é dada a vida; são pobres, e enriquecem a muitos; carecem de tudo, e têm abundância de tudo; são desprezados e, no desprezo, tornam-se glorificados; são amaldiçoados e, depois, proclamados justos; são injuriados, e bendizem; são maltratados, e honram; fazem o bem, e são punidos como malfeitores; são condenados, e se alegram como se recebessem a vida. Pelos judeus são combatidos como estrangeiros, pelos gregos são perseguidos, e aqueles que os odeiam não saberiam dizer o motivo do ódio.


Carta a Diogneto: apresentação / texto completo

terça-feira, novembro 16

Para variar, uma pequena história transcrita do livro de pedagogia, que o professor «conta» para clarificar o conceito de «analogia»:

Em Alexandria existiam muitas tabernas nas quais hábeis cozinheiros preparavam comidas requintadas. Um mendigo, que não tinha meios para comprar o conduto, pensou em impregnar o seu pedaço de pão com os magníficos odores que emanavam de uma destas tabernas. O cozinheiro ressentiu-se e exigia um pagamento; o mendigo, porém, defendeu-se afirmando não ter trazido nenhum dano ao cozinheiro. A controvérsia prolongou-se e, pela sua novidade, levantou a curiosidade do Sultão que reuniu os seus sábios para dirimirem a questão. Depois pesarem longamente os argumentos favoráveis e contrários a cada um dos adversários, os sábios chegaram à seguinte conclusão: visto que se tinha apropriado do perfume da comida, o mendigo teria de pagar a conta com o som de uma moeda. O Sultão aprovou a sentença e fê-la aplicar.

segunda-feira, novembro 15

Às vezes, para facilitar o trabalho, mete-se uma expressão em português naqueles serviços de tradução on-line, e espera-se que dê bom resultado… Hoje, por exemplo, não encontrei nos dicionários, uma correspondência para «São Tomé e Príncipe» e tentei… Resultado em italiano: «Santo diviso in tomi e principio» (isto traduzido para português é qualquer coisa como: santo dividido em tomos e princípio)!

sábado, novembro 13

Quinta-feira não tivemos aulas. Foi o dia do Departamento fazer uma jornada sobre Arte e Catequese. De manhã estivemos divididos em ateliers: literatura e poesia; escultura, pintura e arquitectura; música; e novas tecnologias (eu estive neste…). De tarde fomos visitar a igreja de Deus Pai Misericordioso, de Richard Meier. Ora vejam só:


Esta é a vista geral do exterior Posted by Hello


ao pormenor… Posted by Hello



…e menos… Posted by Hello


…menos pormenorizado aindaPosted by Hello


…e menos ainda um bocadito Posted by Hello


Agora do outro lado Posted by Hello


Por dentro… Posted by Hello


…quando já estava escuro lá foraPosted by Hello


e, para terminar, como Fátima se vai «impondo» também aqui… Posted by Hello

quinta-feira, novembro 11



Foi na noite passada, quarta, no Auditorium, na sala Santa Cecília. Caetano Veloso e o seu novo trabalho A foreign sound. Não há muito a dizer… simplesmente um grande espectáculo, numa grande sala.

quarta-feira, novembro 10

O termómetro marcava, pela manhã, os 6,5º lá fora. As ruas estão cobertas de folhas que dão um colorido estranho à cidade. Começaram a cair agora. Também só agora chegou o frio de verdade. Esburacando pelo meio do trânsito, lá se vai fazendo o caminho de sempre. À terça faz-se mais vezes: volto à tarde para as aulas. Chego ao fim com pouca vontade de fazer seja o que for…

Não me apetece pensar...

Mas, para quem apetecer, deixo aqui um enigma (quem já sabe não vale revelar, ouviste Júlio?) a ver quem consegue descobrir:


Num funeral de uma mulher estavam as suas duas filhas. Uma delas (chamemos-lhe Joaquina) viu no funeral um homem que não conhecia, mas com quem engraçou. A outra (chamemos-lhe Josefina) nem reparou nele…

Passados uns dias uma destas irmãs aparece morta, assassinada pela sua irmã.

Qual delas matou quem? E porquê?

terça-feira, novembro 9

Quando era jovem estudante em Leiria (sim, já lá vão uns anos…), no tempo em que o P.A. e o Paulo Renato era seminaristas também (os dois aniversariantes aniversariantes do dia oito do onze, bons amigos, que a distância impede de dar um abraço de verdade, um em Leiria, outro em Paris…) estudei Antropologia Filosófica por um livro de Joseph Gevaert, cujo nome, se não me falha, era O Problema do Homem (era em espanhol…). Foi um livro «marcante». Tanto que me deixou sempre um gosto especial pela antropologia.
Quem diria que, depois de tanto tempo, poderia ter a oportunidade de ser aluno deste agora Ancião sábio e simpático, que fala com a simplicidade dos mestres… Parece que é o último ano que é professor. Consegui equivalência a Psicologia, e os (agora) furos no horário dão para aproveitar esta oportunidade de escutar quem sabe do que fala... mesmo que, para o ano, tenha de repetir a cadeira, por ser tarde para poder inscrever-me nela. Nem todos são assim, é verdade, mas há professores que de facto vale a pena escutar…

domingo, novembro 7



Ultimamente tem sido difícil ver o Calvin no site do Público... Mas vale sempre a pena dar uma espreitadela de vez em quando...

sábado, novembro 6

Sábado à noite… e uma gripe que me mantém em casa. Um recolhimento algo forçado para possibilitar amanhã o regresso a Todi e Perugia.

sexta-feira, novembro 5

Voltando às leituras, e à questão da felicidade, Pascal Bruckner escreveu A Euforia Perpétua, ensaio sobre o dever da felicidade. Vou lendo aos poucos, que não é propriamente um romance… Pelo que percebi até agora, vai analisando o mundo das ideias do nosso mundo ocidental e, entre ataques de um lado e outro, da Igreja às mais variadas correntes filosóficas, religiosas e sociológicas, vai questionando o conceito de felicidade, quer quando ele é remetido para o cenário exterior ao mundo, quer quando é demasiado terreno. Ao terminar o último capítulo que li dizia: «mas nós constituímos provavelmente as primeiras sociedades da história a tornar as pessoas infelizes por não serem felizes». O que é, afinal, a felicidade? O que nos faz felizes?

terça-feira, novembro 2

Hoje, ao ler mais umas páginas da Alegria de crer e viver, do padre Varillon, encontrei uma pergunta interessante de se fazer: se tivessemos de escolher entre a felecidade e a liberdade, o que escolheríamos?

segunda-feira, novembro 1

A propósito do dia de todos os santos, agradeço ao Mário que me enviou uma história que a Sophia de Mello Breyner Andresen escreveu...

Mónica é uma pessoa tão extraordinária que consegue simultaneamente: ser boa mãe de família, ser chiquíssima, ser dirigente da «Liga Internacional das Mulheres Inúteis», ajudar o marido nos negócios, fazer ginástica todas as manhãs, ser pontual, ter imensos amigos, dar muitos jantares, ir a muitos jantares, não fumar, não envelhecer, gostar de toda a gente, gostar dela, dizer bem de toda a gente, toda a gente dizer bem dela, coleccionar colheres do séc. XVII, jogar golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo, comer iogurte, fazer ioga, gostar de pintura abstracta, ser sócia de todas as sociedades musicais, estar sempre divertida, ser um belo exemplo de virtudes, ter muito sucesso e ser muito séria.

Tenho conhecido na vida muitas pessoas parecidas com a Mónica. Mas são só a sua caricatura. Esquecem-se sempre ou do ioga ou da pintura abstracta. Por trás de tudo isto há um trabalho severo e sem tréguas e uma disciplina rigorosa e constante. Pode-se dizer que Mónica trabalha de sol a sol. De facto, para conquistar todo o sucesso e todos os gloriosos bens que possui, Mónica teve que renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à santidade.

A poesia é oferecida a cada pessoa só uma vez e o efeito da negação é irreversível. O amor é oferecido raramente e aquele que o nega algumas vezes depois não o encontra mais. Mas a santidade é oferecida a cada pessoa de novo cada dia, e por isso aqueles que renunciam à santidade são obrigados a repetir a negação todos os dias.

Isto obriga Mónica a observar uma disciplina severa. Como se diz no circo, «qualquer distracção pode causar a morte do artista».

Mónica nunca tem uma distracção. Todos os seus vestidos são bem escolhidos e todos os seus amigos são úteis. Como um instrumento de precisão, ela mede o grau de utilidade de todas as situações e de todas as pessoas. E como um cavalo bem ensinado, ela salta sem tocar os obstáculos e limpa todos os percursos.

Por isso tudo lhe corre bem, até os desgostos. Os jantares de Mónica também correm sempre muito bem. Cada lugar é um emprego de capital. A comida é óptima e na conversa toda a gente está sempre de acordo, porque Mónica nunca convida pessoas que possam ter opiniões inoportunas. Ela põe a sua inteligência ao serviço da estupidez. Ou, mais exactamente: a sua inteligência é feita da estupidez dos outros. Esta é a forma de inteligência que garante o domínio.

Por isso o reino de Mónica é sólido e grande. Ela é íntima de mandarins e de banqueiros e é também íntima de manicuras, caixeiros e cabeleireiros. Quando ela chega a um cabeleireiro ou a uma loja, fala sempre com a voz num tom mais elevado para que todos compreendam que ela chegou. E precipitam-se manicuras e caixeiros. A chegada de Mónica é, em toda a parte, sempre um sucesso. Quando ela está na praia, o próprio Sol se enerva.

O marido de Mónica é um pobre diabo que Mónica transformou num homem importantíssimo. Deste marido maçador Mónica tem tirado o máximo rendimento. Ela ajuda-o, aconselha-o, governa-o. Quando ele é nomeado administrador de mais alguma coisa, é Mónica que é nomeada. Eles não são o homem e a mulher. Não são o casamento. São, antes, dois sócios trabalhando para o triunfo da mesma firma. O contrato que os une é indissolúvel, pois o divórcio arruína as situações mundanas. O mundo dos negócios é bem-pensante.

É por isso que Mónica, tendo renunciado à santidade, se dedica com grande dinamismo a obras de caridade. Ela faz casacos de tricot para as crianças que os seus amigos condenam à fome. Às vezes, quando os casacos estão prontos, as crianças já morreram de fome. Mas a vida continua. E o sucesso de Mónica também.

Ela todos os anos parece mais nova. A miséria, a humilhação, a ruína não roçam sequer a fímbria dos seus vestidos. Entre ela e os humilhados e ofendidos não há nada de comum. E por isso Mónica está nas melhores relações com o Príncipe deste Mundo. Ela é sua partidária fiel, cantora das suas virtudes, admiradora de seus silêncios e de seus discursos. Admiradora da sua obra, que está ao serviço dela, admiradora do seu espírito, que ela serve. Pode-se dizer que em cada edifício construído neste tempo houve sempre uma pedra trazida por Mónica.

Há vários meses que não vejo Mónica. Ultimamente contaram-me que em certa festa ela estivera muito tempo conversando com o Príncipe deste Mundo. Falavam os dois com grande intimidade. Nisto não há evidentemente, nenhum mal. Toda a gente sabe que Mónica é seriíssima toda a gente sabe que o Príncipe deste Mundo é um homem austero e casto.

Não é o desejo do amor que os une. O que os une é justamente uma vontade sem amor. E é natural que ele mostre publicamente a sua gratidão por Mónica. Todos sabemos que ela é o seu maior apoio; mais firme fundamento do seu poder.

Sophia de Mello Breyner Andresen