Por isso, acabei por aceitar o convite para ver um filme: Hero. Um filme chinês, sobre a unificação da China, com grandes cenários, e cenas fantásticas para quem gostar de artes marciais. Bom para descontrair e sorrir com algumas cenas de lutas com os tipos a voar e andar sobre a água, e coisas do género…
Alguém, que não eu,
fez com que estivesse estado aqui uma foto... enfim...
que não tinha nada a ver com o filme que vi...
por isso, apaguei assim que vi e não arrisquei a meter outra...
As minhas desculpas a quem esteve por aqui entretanto e viu o blog
antes desta nova alteração
E depois, estava aqui para fazer férias do blog, com pouca vontade de escrever, quando me sugeriram para escrever sobre uma frase que encontrei esta tarde: «por mais que busquemos, apenas nos encontramos a nós próprios». A frase servia de «nick name» no messenger, e quando a vi reagi…
Já não me lembro bem das palavras que escrevi nessa altura, mas a ideia é esta: hoje, mais que nunca, estamos certos do valor da individualidade. A descoberta de nós próprios ganhou um peso indiscutível no contexto cultural ocidental, e penso que Sócrates não deixará de estar orgulhoso da sua maiêutica e do «conhece-te a ti mesmo»!
Este é um dos grandes valores da actualidade! O valor que é cada um, na sua individualidade, o valor não só da pessoa, mas de cada pessoa! Por isso, a descoberta da própria individualidade é algo de muito positivo!
A minha reacção de há pouco, à primeira leitura desta frase, não foi contra este valor. Pelo contrário! Eu não posso deixar de defender isso mesmo! Mas tenho algum receio de que se possa cair num «solipsismo» algo narcísico… Ou seja, que o voltar-se para dentro de si mesmo, possa tornar-se num fechar-se em si mesmo. Por isso, a minha reacção foi no sentido de dizer que a busca que fazemos de nós próprios só é um verdadeiro encontro connosco mesmos se nos pomos diante do outro: o outro é que me dá a possibilidade de me conhecer a mim mesmo, como diferente, como único. Ou seja, o processo de auto-descoberta é sempre também um processo de diálogo, de relação… Por isso, nas buscas que fazemos, não nos encontramos apenas a nós próprios, mas a nós próprios em relação… Além disso, só nos percebemos a nós próprios quando capazes de comunicar ao outro quem somos… Quando nos tornamos linguagem.
Digamos que as «buscas», se são uma descoberta de nós mesmos, são sempre também o espaço da auto-transcendência: dão-nos a capacidade de passar para além de nós para nos fixar no outro que, ao cruzar o seu olhar com o nosso, nos revela quem somos e quem é o outro para nós. E é nesse diálogo, nessa relação, que se dá também o espaço da realização, porque aí, e só aí, a nossa individualidade tem um sentido!
O desafio passa depois para o lugar do encontro com o «Totalmente Outro», Deus. Nas buscas que fazemos, se nos deixamos confrontar com Ele, o nosso espaço de auto-transcendência supera os nossos próprios limites humanos, liga-nos ao sonho de Deus, leva-nos para o tempo da eternidade, e o espaço sem limite, e descobrimos a nossa individualidade muito para além de tudo quanto poderíamos imaginar… Eu diria que «por mais que busquemos, só nos encontramos a nós mesmos quando passamos para além de nós mesmos, e mais que buscar, nos deixamos encontrar pelo Amor…». Ou, por palavras mais simples, aquelas do grande encontro da Samaritana com Jesus (e é interessante a descoberta que, nesse encontro, a Samaritana faz de si mesma… sem buscar, mas deixando-se encontrar…): «Se conhecesses o dom de Deus…» (Jo 4, 10).