sábado, abril 30

Depois de ter estado a tarde toda a puxar pela cabeça para fazer um trabalho a que não acho grande piada, para uma cadeira que, como está a ser dada, também não a considero grande coisa (mas como é obrigatória… lá vai ter que ser), cheguei à noite com o trabalho pronto, mas pouca vontade de continuar no próximo. Agora tenho pela frente um trabalho interessante para um seminário importante: formação de catequistas.

Por isso, acabei por aceitar o convite para ver um filme: Hero. Um filme chinês, sobre a unificação da China, com grandes cenários, e cenas fantásticas para quem gostar de artes marciais. Bom para descontrair e sorrir com algumas cenas de lutas com os tipos a voar e andar sobre a água, e coisas do género…

Alguém, que não eu,
fez com que estivesse estado aqui uma foto... enfim...
que não tinha nada a ver com o filme que vi...
por isso, apaguei assim que vi e não arrisquei a meter outra...
As minhas desculpas a quem esteve por aqui entretanto e viu o blog
antes desta nova alteração



E depois, estava aqui para fazer férias do blog, com pouca vontade de escrever, quando me sugeriram para escrever sobre uma frase que encontrei esta tarde: «por mais que busquemos, apenas nos encontramos a nós próprios». A frase servia de «nick name» no messenger, e quando a vi reagi…

Já não me lembro bem das palavras que escrevi nessa altura, mas a ideia é esta: hoje, mais que nunca, estamos certos do valor da individualidade. A descoberta de nós próprios ganhou um peso indiscutível no contexto cultural ocidental, e penso que Sócrates não deixará de estar orgulhoso da sua maiêutica e do «conhece-te a ti mesmo»!

Este é um dos grandes valores da actualidade! O valor que é cada um, na sua individualidade, o valor não só da pessoa, mas de cada pessoa! Por isso, a descoberta da própria individualidade é algo de muito positivo!

A minha reacção de há pouco, à primeira leitura desta frase, não foi contra este valor. Pelo contrário! Eu não posso deixar de defender isso mesmo! Mas tenho algum receio de que se possa cair num «solipsismo» algo narcísico… Ou seja, que o voltar-se para dentro de si mesmo, possa tornar-se num fechar-se em si mesmo. Por isso, a minha reacção foi no sentido de dizer que a busca que fazemos de nós próprios só é um verdadeiro encontro connosco mesmos se nos pomos diante do outro: o outro é que me dá a possibilidade de me conhecer a mim mesmo, como diferente, como único. Ou seja, o processo de auto-descoberta é sempre também um processo de diálogo, de relação… Por isso, nas buscas que fazemos, não nos encontramos apenas a nós próprios, mas a nós próprios em relação… Além disso, só nos percebemos a nós próprios quando capazes de comunicar ao outro quem somos… Quando nos tornamos linguagem.

Digamos que as «buscas», se são uma descoberta de nós mesmos, são sempre também o espaço da auto-transcendência: dão-nos a capacidade de passar para além de nós para nos fixar no outro que, ao cruzar o seu olhar com o nosso, nos revela quem somos e quem é o outro para nós. E é nesse diálogo, nessa relação, que se dá também o espaço da realização, porque aí, e só aí, a nossa individualidade tem um sentido!

O desafio passa depois para o lugar do encontro com o «Totalmente Outro», Deus. Nas buscas que fazemos, se nos deixamos confrontar com Ele, o nosso espaço de auto-transcendência supera os nossos próprios limites humanos, liga-nos ao sonho de Deus, leva-nos para o tempo da eternidade, e o espaço sem limite, e descobrimos a nossa individualidade muito para além de tudo quanto poderíamos imaginar… Eu diria que «por mais que busquemos, só nos encontramos a nós mesmos quando passamos para além de nós mesmos, e mais que buscar, nos deixamos encontrar pelo Amor…». Ou, por palavras mais simples, aquelas do grande encontro da Samaritana com Jesus (e é interessante a descoberta que, nesse encontro, a Samaritana faz de si mesma… sem buscar, mas deixando-se encontrar…): «Se conhecesses o dom de Deus…» (Jo 4, 10).

sexta-feira, abril 29

Hoje calhou-me a mim presidir à celebração da missa aqui no Colégio. Foi a primeira vez que presidi em italiano, e que fiz homilia, também em italiano, para esta assembleia que é muito particular: os padres cá da casa.

Depois de me habituar a fazer homilias, foi daquelas coisas que comecei a gostar de fazer. Não sei se as fazia bem ou não, mas gostava! Foi daquelas coisas que me custou ter deixado de fazer. Mas falar para padres é… como dizer, algo estranho… Ainda por cima numa língua que não é a nossa!

Dadas as circunstâncias, acabei por fazer uma coisa que também já não fazia há muito tempo: escrever a homilia. Bem, para dizer a verdade, só escrevi mesmo as primeiras… ou melhor, mesmo a primeira. Depois escrevi durante umas semanas, mas já não lia. Acabei por fazer apenas esquemas. Mas também não duraram muito tempo: depressa se tornaram em esquemas mentais, adaptáveis conforme as circunstâncias.

Agora, durante as férias, altura que em volto a fazer homilias, parece-me que me falta «alguma coisa»… Falta de prática! Acho que vou ter que passar outra vez por todo o processo de aprendizagem…

quinta-feira, abril 28

Hoje foi um daqueles dias em que correu tudo ao contrário do previsto! Era para ter acabado um trabalho em que nem cheguei a pegar… Mas agora também já é tarde para remediar. Pelo meio passei umas horas desesperantes preso no trânsito da cidade, o que nestas alturas é ainda mais de nos fazer perder qualquer resto de paciência!

Por isso, para descontrair, nada melhor que acabar o dia a visitar alguns amigos! Como estão longe, deixo aqui o «lugar» onde os visito: são alguns blogs novos (outros nem tanto) que foram aparecendo por aí... Espero que não se aborreçam com a divulgação!

Começando pelos padres de Leiria: o Pe. Nelson Araújo não se preocupa, porque pediu para divulgar! Além disso, e apesar de escrever pouco, de vez em quando também se pode ir espreitar o Pe. Xico. O Leonel, esse é preciso ir ver os comentários que vai deixando aqui e ali…

Aqui de Roma, conheço dois (mas nunca se sabe se haverá mais…): o do Pe. Teodoro, que é de São Miguel, nos Açores, e o do Diác. Giselo, da Madeira.

Visita indispensável é ao blog do P.A.. Mas esse já é conhecido de toda a gente. Lá encontram-se também links para uma data de gente conhecida!

Novinho em folha é o da Salete, que anda lá por fora a lutar pela vida. Também fora está a Susana, a estudar na Alemanha.

Entretanto a Raquel também resolveu meter-se nestas coisas. Já com algum tempo de existência está o Gonçalo, o Nuno, o Carlos, o Tottas, as fotos da Andreia e, claro, o grupo dos 100 papas na língua.

Visita feita, horas de ir dormir! Que amanhã tem de correr melhor esta coisa dos trabalhos…

quarta-feira, abril 27


ponte em Spoleto Posted by Hello


Ainda a propósito do dia de ontem, deixo aqui um texto, já clássico para estas ocasiões, mas que me faz sempre pensar e repensar-me… O original, penso que é de autor anónimo medieval. Mas foi redescoberto por Bruno Forte, um teólogo italiano, no livro Introdução aos sacramentos.

Um padre deve ser simultaneamente pequeno e grande,
nobre de espírito, como que de sangue real,
simples e natural, como de origem camponesa...

Herói na conquista de si mesmo,
um homem que lutou com Deus,
uma fonte de santificação,
um pecador a quem Deus perdoou...

Senhor dos seus desejos,
servo dos tímidos e dos fracos,
que não se ajoelha diante dos poderosos,
mas que se curva diante dos pobres!

Discípulo do seu Senhor,
chefe do seu rebanho,
um mendigo com as mãos amplamente abertas,
portador de numerosos dons...

Um homem no campo de batalha,
uma mãe para confortar os doentes,
com a sabedoria da idade e a confiança de uma criança,
voltado para o alto, mas com os pés bem assentes no chão...

Feito para a alegria, mas perito no sofrimento,
afastado de toda a inveja,
de vistas largas, largas...

Que fala com franqueza,
um amigo da paz,
inimigo da preguiça,
fiel para sempre...

Tão diferente de mim!

Nota: se já viram isto em algum lugar… pode ter sido mesmo neste blog, há um ano… mas continua tão actual… que mudei apenas a imagem… Quanto à pessoa… enfim, penso continuar sempre nesta «travessia», na certeza que para além de mim há a «ponte», as «margens», os «companheiros de travessia», a «aventura» e a «novidade de cada dia», e Jesus que, como no Evangelho deste Domingo, me (nos) vai dizendo: «Eu sou o caminho a verdade e a vida» (Jo 14, 6)...

terça-feira, abril 26


No foro imperial Posted by Hello

Passaram depressa estes dias! É sempre assim! E fica sempre tanto por ver... «Fica para a próxima», parece que foi a frase-chave desta visita da Isabel e da Sónia até aqui: o que também não deixa de ser bom! Assim há sempre um bom motivo para voltar!


em Assis Posted by Hello

Roma é sempre uma cidade para descobrir e redescobrir. Uma das coisas interessantes de ter visitas é a oportunidade de ver coisas novas e, tantas vezes, ver «as coisas de sempre» com um outro olhar. Mas além de Roma é sempre bom passar por outros lugares: desta vez escolhemos Assis. E a verdade é que não deixa de ser sempre uma terra de «encanto»…


longe... mas aqui! Posted by Hello

Depois, apesar da data ter sido pensada com muita antecedência, calhou mesmo no início do início do ministério do Papa Bento XVI. E mesmo que tivesse sido acompanhada por um ecrã gigante junto ao Castelo de Sant’Angelo, foi «vivida» aqui! O que lhe dá um «sabor» especial! E pronto, acabei por fazer de tradutor, o que me obrigou a estar mais atento ainda àquilo que o Papa dizia. Uma homilia que vale a pena rever! (pena não ter tradução portuguesa… fica em italiano…)



Capela Sistina Posted by Hello

Ficou um «cheirinho» desta cidade, apenas com tempo para estar ainda na Capela Sistina e passar a correr pelo resto dos museus do Vaticano que o avião não iria esperar! E pronto! Acabou o tempo! Pouco tempo, mas foi bom ter-vos por cá!...

Voltei para o Colégio (aqui o 25 de Abril também é feriado: libertação de Roma das tropas invasoras na Segunda Guerra Mundial – 1945) e acabei por presidir à celebração da Missa. Não resisti, e acabei por revelar a importância da data: 6º aniversário da ordenação de padre. O resultado foi acabar por aceitar a proposta de comemorar a data com um jantarinho fora…

E assim, depois de uns dias, voltei a sentar-me no quarto. Ainda não para estudar, que não ganhei coragem para isso, mas pelo menos para me reorientar, escrever aqui qualquer coisa e preparar-me para voltar às aulas amanhã!

quinta-feira, abril 21

Hoje, ao celebrar a Missa, quando chegamos à parte em que se refere a comunhão com o Papa, tive de fazer um esforço suplementar para dizer «Bento»! Não admira depois de tantos anos a dizer outro nome!

Com tanta coisa que se vai dizendo por aí, quase a querer comprometer (para um lado ou para outro) este pontificado, vou dizendo, a quem me pergunta, que sou (ou procuro ser…) um homem de fé e de esperança! Por isso, abstenho-me de fazer comentários! E continua a acreditar no Espírito Santo que, de forma por vezes incompreensível, continua a actuar no coração e na vida de cada um!

Além disso, tendo estado na Praça de São Pedro, e passando hoje (por mero acaso, quando passei pelos correios do Vaticano) perto do lugar onde estava o Papa Bento XVI (que, pelos vistos, foi à sua antiga casa), vendo a reacção «ao vivo» destes encontros, e vendo também a juventude dos que por ali estavam, posso dizer que me faz crescer também a certeza de que o Espírito não nos deixará de surpreender…

Por tudo isso, limito-me a remeter para o comentário que fez o P.A. no seu blog que me parece dizer tudo o que se deve dizer neste momento… Às vezes a lógica de Deus «confunde» a lógica dos homens...

quarta-feira, abril 20


Praça de São Pedro, Roma, 19 de Abril de 2005 Posted by Hello


Não vi «fumata» nenhuma… Pensava que ainda iria a tempo, mas afinal foi mais rápido do que o que estava à espera. Na segunda-feira era mais que certo que não haveria fumo branco, por isso não fui à Praça de São Pedro.

Hoje tive aulas de manhã e de tarde. Tinha saído e estava na biblioteca quando chegou a notícia. Saímos da universidade e tentei guiar «à italiana» para chegar a tempo, mas o trânsito começou a complicar na zona do Vaticano, pelo que tive de procurar uns atalhos. Acabei por vir deixar o carro ao Colégio, pegar na máquina e sair… Mas quando estava a sair o porteiro deu-me a notícia do nome: Cardeal Joseph Ratzinger. Saí para a Praça, mas já só cheguei a tempo da bênção final…

Depois ainda fiquei um pouco por ali. Vi umas bandeiras portuguesas e aproximei-me. Eram uns estudantes conhecidos que estão por cá em Erasmus. Mas, pouco a pouco, foram-se juntando por ali os portugueses que estavam na Praça... que se ia lentamente envaziando.

Antes, tinha sido impressionante como, de um momento para o outro, a praça de São Pedro ficou cheia de gente. E rapidamente se encheu também a Via da Conciliação. Ratzinger, agora Bento XVI, dirigiu-se pela primeira vez como Papa à multidão ali presente, e ao mundo que naquele momento tinha os olhos postos no sucessor de João Paulo II, sucessor de Pedro:

Queridos irmãos e irmãs:
Depois do grande Papa João Paulo II, os senhores cardeais elegeram a mim, um simples, humilde trabalhador na vinha do Senhor.
Consola-me o facto de que o Senhor sabe trabalhar e actuar com instrumentos insuficientes e, sobretudo, confio em vossas orações.
Na alegria do Senhor ressuscitado, confiados em sua ajuda permanente, sigamos adiante. O Senhor nos ajudará. Maria, sua santíssima Mãe, está do nosso lado. Obrigado.

terça-feira, abril 19


Papa Bento XVI, Praça de São Pedro, Roma, 19 de Abril de 2005 Posted by Hello

segunda-feira, abril 18

Este é conhecido como o «Domingo do Bom Pastor». É também o dia mundial de oração pelas vocações, e o dia em que há habitualmente ordenações em Leiria. Hoje foi ordenado padre o André Baptista. Há seis anos fui eu… (nesse ano foi no dia 25 de Abril). É verdade que actualmente, aqui em Roma, me sinto pouco «pastor»… mas também o essencial deste Domingo é perceber que é apenas um o «pastor» que tem a capacidade de dar vida e vida em abundância: Jesus Cristo.

Num tempo em que há tantas propostas, em que o «mercado da felicidade» é tão variado, não deixa de ser oportuno perceber o que queremos, de facto, seguir… Ou melhor, em quem estamos dispostos a apostar a nossa liberdade. Perceber quem são os «ladrões e salteadores»… Ou, pelo menos, olhar com alguma atenção à proposta de «vida em abundância» que Jesus anuncia…

Amanhã começa aqui o conclave para escolher o novo Papa. Mas na memória estão ainda bem presentes as palavras de João Paulo II, «pastor» que não deixou nunca de nos dizer que valia a pena seguir «O Pastor»: «Não tenhais medo! Abri, antes, escancarai as portas a Cristo!»




Bom Pastor, Catacumbas de Santa Priscila, Roma (séc. II – III d.C.)

Naquele tempo, disse Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e salteador. Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. 0 porteiro abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva-as para fora. Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem, caminha à sua frente e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos».
Jesus apresentou lhes esta comparação, mas eles não compreenderam o que queria dizer.
Jesus continuo: «Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».

(Jo 10,1-10)


sábado, abril 16

Para além da «escuridão» que nos pode envolver, a «sede» fala mais alto que os nossos medos e leva-nos ao encontro da «fonte». É a «sede», esse misto de dúvida, de desejo de se encontrar e de encontrar o sentido e as razões de viver, de desejo de se deixar «encher» de Deus, que ilumina o caminho de quem nunca está plenamente satisfeito… porque se sabe sempre em caminho para Deus. Penso que é esta a mensagem é a de um cântico em espanhol da comunidade de Taizè:

De noche iremos, de noche, que para encontrar la fuente sólo la sed nos alumbra, sólo la sed nos alumbra.


Às vezes gosto de o sussurrar (já que as minhas qualidades musicais deixam muito a duvidar…) e às vezes também gosto de o propor, um pouco como oração, um pouco como reflexão, mas sobretudo como esperança, a quem se sente envolvido na «escuridão»… Não é preciso dizer muito, mas na simplicidade e poesia de poucas palavras diz o muito que é o percurso de vida de cada um de nós… mas sobretudo lança a nossa «sede» no sentido de uma «Fonte»…

quinta-feira, abril 14

Depois das férias, nada como lembrarem-nos logo do trabalho que temos pela frente! Pois… já entreguei hoje as inscrições para a próxima época de exames. E, pensando bem, já não falta assim tanto tempo! O problema é que me enchi de coragem e entreguei também a inscrição para o exame de licenciatura em ciências de educação… e com um trabalho que não passa de ideias na minha cabeça! Para além dos seis exames orais, dois seminários, e os trabalhos que ainda tenho de ir fazendo até lá, mais este da licenciatura (um trabalho para umas 50 páginas…) já vai dar para me manter ocupado! Só de pensar que em Leiria está a decorrer a Semana Académica!!!

quarta-feira, abril 13


Igreja de Taize Posted by Hello


Hoje à noite, enquanto estava a fazer um trabalho, pus a tocar o CD do Grupo das terças… A música fez-me recordar a viagem de há umas semanas: Seremos o que quisermos, Somos um, etc…. Por isso, cá fica uma foto de Taizè num abraço a todos os que partilharam comigo aqueles dias onde a «viagem» foi muito mais que um ir a um outro lugar…

segunda-feira, abril 11

«Não nos ardia cá dentro o coração quando Ele nos falava pelo caminho…?» A pergunta retórica do evangelho de hoje fez-me lembrar um pouco todas as «emoções» destes últimos dias aqui em Roma… No fundo, penso que o Papa João Paulo II foi capaz de nos fazer ir sentido um pouco isto… E às vezes é preciso perceber as coisas depois da ausência, tal como aconteceu com os discípulos de Emaús, ou melhor, só depois percebemos tudo! Tal como Jesus que se pôs a caminho com aqueles dois, e foi partilhando da sua vida, também este Papa se pôs a caminho com esta humanidade, a nossa humanidade, e nos quis levar a perceber o Senhor Ressuscitado que está por detrás de toda a sua força, de toda a sua esperança, de todas as suas lutas, de todo o seu testemunho de vida e de morte. E talvez, no momento da sua morte, também percebemos algo mais…

Talvez uma certeza, que nos fica desta vida, que Jesus Cristo se continua a meter a caminho, lado a lado, connosco, com as nossas preocupações, sonhos, esperanças, e a dar-lhes um novo sentido. E que também nós podemos ser, uns para os outros, o rosto sempre actual de um Deus que se faz um connosco, para caminhar lado a lado na nossa vida…

Se olharmos para trás, para a nossa história pessoal, quantas vezes não encontramos alguém que foi para nós esse companheiro de viagem que nos fez «arder o coração» e perceber mais fundo?...

Este é um texto muito forte. Forte porque testemunha de uma certeza: Ele caminha lado a lado comigo…

Caravaggio, A ceia de Emaús, 1660

Dois dos discípulos de Emaús iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a sessenta estádios de Jerusalém. Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido. Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou Se deles e pôs Se com eles a caminho. Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem.
Ele perguntou-lhes. «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?»
Pararam entristecidos. E um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou estes dias».
E Ele perguntou: «Que foi?»
Responderam Lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel. Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram: foram de madrugada ao sepulcro, não encontraram o corpo de Jesus e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos a anunciar que Ele estava vivo. Mas a Ele não O viram».
Então Jesus disse lhes: «Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?»
Depois, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de ir para diante. Mas eles convenceram n’O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, Senhor, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite».


Jesus entrou e ficou com eles. E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu o e entregou-lho. Nesse momento abriram se lhes os olhos e reconheceram n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença.
Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?»
Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com ele, que diziam: «Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão». E eles contaram o que tinha acontecido no
caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão.


(Lc 24,13-35)

domingo, abril 10


Ponte de Sant'Angelo, Roma, 8 de Abril de 2005 Posted by Hello

sábado, abril 9


Um pouco por todo o lado, os sinais de uma cidade de luto... Posted by Hello

Depois da longa vigília destes dias, o «último adeus». Ao passar por São Pedro, na tarde após a celebração exequial, muitos eram os que por ali estavam… Parecia que não sabiam onde ir, que se sentiam órfãos…


São Pedro, tarde de 8 de Abril de 2005 Posted by Hello

"Procurei-vos. Agora vós viestes a mim. Agradeço-vos."
(João Paulo II)


sexta-feira, abril 8


A caminho de São Pedro... 7 de Abril de 2005 Posted by Hello


«Non abbiate paura! Aprite, anzi, spalancate le porte a Cristo!»
(Não tenhais medo! Abri, antes, escancarai as portas a Cristo!)

Na homilia de início de pontificado, a 22 de Outubro de 1978, João Paulo II fazia esta afirmação que acabou por ficar na memória de todos, mesmo dos que a não ouviram na altura… É, no fundo, esse o «testamento» que ele nos deixa: alguém que não teve medo de abrir as portas a Cristo, que nos deixou a sua vida como a de alguém que tornou este «sonho» um pouco mais «realidade», que sempre nos foi recordando que nas nossas «buscas» há sempre Alguém que também nos procura, e que do encontro surge um «suplemento de vida»…

Talvez por isso este momento se tenha tornado um grande movimento de massas. No meio de tudo o que acontece à nossa volta, João Paulo II tornou-se o grande profeta da esperança… Que não se anunciou a si mesmo, mas sempre Cristo, como «caminho, verdade e vida»…

Um dos momentos que mais recordo com este Papa foi o da sua chegada a Fátima, da última vez que ali esteve. Eu estava no recinto. Ele entrou e começou todo aquele movimento, agitação, aclamação ao Papa… E ele, já velhinho, ia saudando as pessoas… Mas depois chegou à Capelinha e ajoelhou, em silêncio. E com ele, a multidão ficou também em silêncio. O «líder» aclamado que se mete de joelhos, em silêncio… Porque o que importa, mais que ele, é Aquele a quem é importante «abrir as portas»...


Vigília de oração em São João de Latrão, 7 de Abril de 2005 Posted by Hello

À noite fui até à basílica de São João de Latrão, onde decorreu uma vigília organizada para a juventude de Roma. E mais uma vez tudo girou à volta do mesmo: «Não tenhais medo!»

Ele não teve. Aprender com ele, talvez seja a melhor homenagem que se pode fazer agora a este homem que nos fala de Deus.


quinta-feira, abril 7

Basílica de São Pedro, 6 de Abril de 2005 Posted by Hello

Apenas um momento… Mas quis passar pela basílica de São Pedro para agradecer a vida do Papa João Paulo II. Foi o único Papa que conheci… sempre foi o Papa! E, apesar da «distância» acabamos por nos habituar a tê-lo como «referência». Comigo levei o agradecimento de outros que gostavam de estar presentes… e levei também a certeza de que vale a pena arriscar a vida numa entrega ao Senhor da Vida.


quarta-feira, abril 6

Hoje não passei por São Pedro. Depois de um longo tempo de férias, tive de voltar a passar o dia entre aulas e leituras… Mas, pelo que ouvi por aqui, é impressionante a quantidade de gente que passa horas e horas à espera para entrar na basílica. Aqui o Colégio também anda num corrupio com a chegada de gente, entre os quais o Cardeal Patriarca de Lisboa (que fez passar por cá um monte de jornalistas…).

Entretanto vi que o espaço aéreo ia ser encerrado, por causa dos muitos chefes de estado que virão ao funeral do Santo Padre… e confirmou-se mesmo. Recebi um mail a informar que o voo que tinha planeado já há algum tempo, para este fim-de-semana, tinha sido cancelado. Lá se vai a visita à Suiça... Não sendo este fim-de-semana vai ser difícil encontrar outro.

Portanto, mudança de planos. Acho que vou aproveitar para passar mais algum tempo a acompanhar estes acontecimentos que agora metem toda a gente a olhar para Roma, e vou mesmo aproveitar para me fazer um com a multidão e entrar em São Pedro para, dessa forma simples, estar de perto do Papa, pela última vez, e levar comigo uma mensagem de agradecimento e de esperança.

segunda-feira, abril 4


Cúpula da Basílica de São Pedro em Roma / 04 de Abril de 2005 Posted by Hello

Para tirar todas as dúvidas acerca da vacância da Sé Apostólica e da eleição do Romano Pontífice

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Não é fácil de descrever a praça de São Pedro numa noite como esta… Não estava uma multidão. Quando cheguei já tinha terminado a oração em comum. Não houve palmas nem anúncios ou comunicados importantes. Mas era uma praça diferente… Já não era a praça para os turistas apreciarem, como estou habituado a vê-la a maior partes das vezes que por lá passo. Mas também não era o recinto das grandes celebrações que ali acontecem.

Esta noite era a praça de quem queria estar ali, era o lugar de cada um.

Espalhadas um pouco por todo o lado, as velas iluminam não só algumas mensagens que se vão acumulando junto do obelisco central, mas também a oração recolhida de pessoas ou de alguns pequenos grupos que se ouvem a rezar. E jovens, muitos, talvez a maioria, a cantar, rezar, dançar... Aqui e ali, alguém sentado ou ajoelhado no chão. As fontes, essas, estão a ficar cheias de flores… E por todo o lado, junto a São Pedro, uma zona calma na noite desta cidade, há um movimento fora do comum.

Parei também um pouco. E quis estar ali. Fechar também um pouco os olhos e agradecer a Deus pelo dom que foi a vida deste Papa.

Este é um regresso diferente a Roma…

sexta-feira, abril 1

Só para deixar um olá! Já tinha saudades de passar por «aqui»... Entretanto deixo notícias destas duas semanas de férias...