Com o evangelho de hoje podíamos começar a falar de uma data de coisas, interessantes e actuais. Por exemplo: a coerência ou testemunho de vida, apontado como um dos principais “problemas” das comunidades cristãs de hoje. Ou sobre a importância das manifestações exteriores: se por um lado se requer um testemunho de vida, por outro lado parece apostar-se num certo “escondimento” para que as acções não sejam notadas como um mero “aparecer farisaico”… E depois há a questão do reconhecimento, da fama ou sucesso: será importante ou não, para um cristão, mesmo como “meio” ou “forma” de fazer chegar mais longe a vida e mensagem de Jesus?
E há também a parte final do Evangelho que dava para pegar em coisas como a questão da centralidade de Jesus Cristo, único Mestre, que faz do cristianismo não uma “religião” de códigos de leis, de ritos, de princípios morais, mas uma relação com Alguém que se fez um de nós… E as consequências de relação fraternal com quem nos vai acompanhando na nossa história pessoal, já que nessa relação nos percebemos com um único Pai celeste. E, para terminar, a eterna questão da humildade…
Com tudo isto, acho que não vou fazer uma opção para “falar” aqui… Simplesmente tentar deixar que o Evangelho continue a ter a sua capacidade de “inquietar” e de “desinstalar” de sempre…
Naquele tempo, Jesus falou à multidão e aos discípulos, dizendo: «Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem. Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover. Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens: alargam os filactérios e ampliam as borlas; gostam do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, das saudações nas praças públicas e que os tratem por ‘Mestres’. Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘Mestres’, porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. Na terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’, porque um só é o vosso pai, o Pai celeste. Nem vos deixeis tratar por ‘Doutores’, porque um só é o vosso doutor, o Messias. Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
(Mt 23,1-12)